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A missão essencial do homem do campo

O Brasil tem pela frente um horizonte ainda mais positivo do que os dias atuais para a produção agrícola. Há anos, as commodities, principalmente as agrícolas, salvam nossas exportações e mantêm em alta a balança comercial brasileira. Um estudo divulgado recentemente pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP) mostrou que, nos últimos 15 anos, a produção do agronegócio no país cresceu mais do que o PIB, garantindo o aumento do consumo interno e das exportações.

Na próxima década, o agronegócio vai ganhar ainda maior relevância conforme apontam os estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). As pesquisas projetam um período de alta das commodities agrícolas puxada pela demanda aquecida, principalmente dos nossos parceiros asiáticos. O aumento da população mundial e a melhora de renda impulsionam e diversificam o mercado internacional, e por sua vocação o Brasil vai ocupar lugar de destaque na oferta desses produtos e no combate à fome.

A produção de biocombustíveis é outro fator que impulsionará a agricultura. O tema é carregado de polêmicas com forte debate em encontros internacionais, seja pela eficiência do produto, seja pelo impacto que pode causar na produção de alimentos. A pesquisa da OCDE e FAO mostra que 30% da produção de cana, 15% de óleos vegetais e 13% de grãos devem ser transformados em etanol e biodiesel até 2020. Não há dúvida de que o pioneirismo brasileiro no uso de etanol como combustível deve ser um fator ainda mais preponderante da nossa liderança nesse setor.

Internamente, os benefícios também serão enormes. A evolução do agronegócio nacional colabora para oferecer trabalho e renda para milhões de brasileiros que estão no campo e outros milhões nas cidades. Colabora também para reforçar a fixação do homem no campo. A geração de riqueza que se vislumbra com essa nova etapa rural brasileira vai possibilitar que finalmente a renda chegue com mais força aos pequenos produtores rurais. Um time formado por milhares de corajosos trabalhadores que, aos poucos, vão lançando mão de novas tecnologias para tornar mais eficiente a produção agrícola. Um batalhão de pessoas que faz inveja pela ousadia, pelo trabalho duro no campo contra todas as adversidades inerentes de quem trabalha com a terra, responsável hoje por 70% da produção agropecuária do Brasil.

Foi da iniciativa dos pequenos agricultores que nasceram as grandes corporações, que fazem parte da história desse país. Organizadas em associações ou cooperativas, buscaram na união a força para financiar máquinas e equipamentos. Na época da colheita, revezam os seus tratores e compartilham silos para os seus produtos. Criaram escolas, abriram estradas e buscaram a eletrificação rural. Um trabalho danado, com o olho sempre voltado para o céu, na esperança de condições climáticas favoráveis para as colheitas.

Agora, é chegada a hora de o Brasil dar sua resposta. Para navegar no cenário positivo mundial que se anuncia precisamos resolver algumas pendências que travam o setor, como a falta de crédito, a infraestrutura precária e a insegurança jurídica para o agronegócio. A votação do novo Código Florestal, agora em debate no Senado, transforma-se em um instrumento que vai ditar o sucesso do setor no futuro e manter o país entre as principais nações produtoras de commodities agropecuárias. São medidas importantes para que o bravo produtor rural persista no propósito de se fixar no campo e investir cada vez mais para produzir melhor.

O pequeno agricultor dos locais mais distantes desse país talvez não saiba, mas ele faz parte daquele seleto grupo essencial para matar a fome de milhões de pessoas no mundo todo. Só desejamos caminho aberto para essa gente que tem importante missão no combate à fome mundial, o de construir sua merecida vida de prosperidade.

* Presidente da OCESP (Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo)

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