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A tecnologia com os pés no chão

Em um contexto de transformações tão intensas, ficam no ar algumas grandes tendências que permeiam a educação neste ano. O que irá acontecer? Quais são os temas que mobilizarão a atenção dos educadores? Com uma enorme margem de incertezas, podemos tentar traçar alguns caminhos, que funcionam como sinalizadores do que vem ocorrendo.

Certamente a tecnologia será um deles. Alguém pode dizer: “Que novidade!”, mas, em certo sentido, realmente há algo de novo. Depois de muito tempo de um evidente descompasso entre tecnologias que avançam desconectadas das necessidades reais dos professores e de escolas que resistem cegamente a mudanças, há um movimento concreto de aproximação.

A tecnologia coloca os pés no chão, com respostas mais diretas aos problemas reais da educação. Ao mesmo tempo, a difusão de tablets e smartphones acaba por impor às escolas uma nova adaptação aos recursos existentes. Vivemos essa realidade no nosso sistema de ensino, que criou plataformas de educação digital, as quais são agora avidamente procuradas e usadas por nossos parceiros. Sim, há novidades, e precisamos estar de olhos e ouvidos bem abertos.

No entanto, a tecnologia não muda nada sozinha. A educação, como um todo, movimenta-se dentro do turbilhão da contemporaneidade. Nós, gestores, coordenadores e professores, estamos sentindo isso na pele. A escola não pode mais ser como sempre foi. A intenção de formar cidadãos plenos permanece, mas é preciso caminhar na direção de um ensino mais significativo, contextualizado e inovador, ligado aos problemas que vivemos no dia a dia. A utilização do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, como forma de acesso à universidade, é uma realidade para quem gosta e para quem não gosta da avaliação e terá um papel indutor cada vez mais claro para as práticas pedagógicas do ensino médio.

Há outra questão que se mostra cada vez mais urgente: a atenção que nós, educadores, damos à qualidade do convívio. Alguns preferem focar no bullying, que, realmente, é um tema em evidência. Mas os episódios de violência, sofrimento e humilhação na escola que caracterizam o bullying são sintoma, não o mal em si. A doença é o resultado da pouca eficácia com que os colégios vêm enfrentando as questões ligadas à convivência. Esse é um trabalho que precisa sair rapidamente do campo da retórica e entrar na veia da educação.

Formar cidadãos pode ser bonito de se falar ou escrever no papel, mas exige novas posturas dos gestores e dos professores. A educação para a convivência é, sim, uma prioridade que deve ser levada em conta, pois tem a ver – direta ou indiretamente – com os dois pontos já aventados anteriormente: escolas atentas ao interesse e à nova cultura dos jovens, que estimulam a participação, a colaboração e o diálogo, criam vacinas naturais contra o que se chama indistintamente de “indisciplina”.

Esses três pontos destacados são recorrentes quando se fala em educação. E um dos pontos comuns entre eles é o investimento na formação dos professores, que deve ser cada vez maior, com propostas realistas, aplicadas e contemporâneas. Essa é a chave para 2013. É tempo de “sacudir a poeira” e olhar para o futuro, que já se encontra no presente de todos nós.

 

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