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Amor: escolha feita com o coração e a razão

Outubro é um importante mês para a Igreja. Além de comemorarmos o dia de Nossa Senhora Aparecida, trata-se de um período que tem início com o dia de Santa Teresinha do Menino Jesus, padroeira dos missionários que recebeu do papa João Paulo II o título de Doutora da Igreja.  Santa Teresinha dizia: Ó Jesus, meu amor! Minha vocação, enfim, eu encontrei; minha vocação é o amor”. Reconheço que amar é o maior de todos os desafios do cristão. Mas é por ele que se alcança o céu. São Paulo é muito claro quando nos exorta em Romanos: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, a não ser o amor recíproco”. Sem dúvida, não há outro caminho para se chegar a Deus a não ser pelo amor – e nesse caminho não há atalhos. Amar é uma decisão que não tomada apenas com o coração, mas com a razão. Assim como a vida é uma questão de escolha, amar também é uma escolha que a pessoa tem de fazer por si mesma; ninguém mais pode decidir-se por amar em seu lugar. Amar não é um ato mecânico, mas uma escolha que passa pela liberdade e pela consciência. É um ato da vontade do querer. Para amar preciso aceitar perder-se, esquecer-se, não voltar a si mesmo. A sensibilidade pode até mesmo deixar uma pessoa ‘fora de si’, mas não é suficiente para levá-la a amar. A admiração pelo outro e a afeição empurram um para o outro, mas isso ainda não é amor. “Compreendi que meu amor não se devia traduzir somente por palavras” (Santa Terezinha). Amar não é dar alguma coisa a alguém; isso filantropia. Amar é dar-se por inteiro a alguém, quer essa pessoa mereça ou não. Jesus fez isso por mim e por você. Foi isso que Ele fez pela humanidade inteira. O Senhor se ofertou, inteiramente, a todos no seu sacrifício de morte na cruz. O amor não busca outro motivo nem outro fruto fora de si; o seu fruto consiste na sua prática. Amo porque amo; amo para amar. O amor é um constante ato que se renova cada vez que praticado. Essa compreensão da nossa existência pautada pelo amor fez toda diferença na vida de Santa Terezinha: “…e minha vida é um único ato de amor”. E faz também na vida de cada um de nós uma verdadeira revolução. A disposição de amar deve influenciar todas as nossas atitudes, porque o amor é a base de tudo. Tudo vai passar; somente o amor vai permanecer. Há 13 anos conheci a história de Santa Terezinha. Sua luta por amar a todos e demonstrar esse amor, especialmente àquelas irmãs que menos lhe agradavam, me levou a fazer a minha própria escolha.  Desde então, me decidi pelo que seria a minha vida: a cada dia acordar e perguntar ao Senhor a quem amar e como amar. Dentro de minha casa, no seio de nossa família em primeiro lugar, meu pai foi alcoólatra. Durante anos ele foi causa de sofrimento em nossa casa. Com o tempo, ele parou de beber, mas as marcas da história estavam ali. Então, a ele eu dediquei todo meu amor, meu perdão, minha decisão de amá-lo gratuitamente. O amor venceu! O céu aconteceu. Madre Tereza de Calcutá nos deixou uma importante mensagem: “No entardecer, seremos julgados pelo amor”. Amar é um desafio que Deus nos faz todos os dias. Muitos não o compreendem, outros não tiveram a graça de experimentá-lo. Porém, quem vivenciou o verdadeiro amor, por ele se deixa transformar. *Lucio Domicio  é missionário da Comunidade Canção Nova em Portugal (www.cancaonova.com)   

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