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Devolver a Deus…

A famosa frase do evangelho “Dê a César o que é de César, e dê a Deus o que é de Deus” tem servido para justificar muitas coisas, pondo em segundo plano o que deveria ser o tema principal. As mais recentes traduções substituem “dar” por “devolver”, melhorando sensivelmente o sentido: “Devolvam a César o que é de César, e devolvam a Deus o que é de Deus”. A afirmação esconde uma verdade: ninguém, exceto Deus, é dono do povo. No passado, ao subir ao trono, Salomão reconheceu tal fato e pediu sabedoria e sensibilidade para não transgredir esse principio.

O povo pertence a Deus, seu único dono, a Bíblia não se cansa de repetir. E, porque lhe pertence, Deus o quer soberanamente livre. É o que aprendemos, por exemplo, lendo o livro do Êxodo. Deus, o dono do povo, o fez e o quer livre.

A história da humanidade registra inúmeros casos em que poderosos se apoderaram da propriedade de Deus. Invasões, guerras, violação dos direitos das pessoas, agressões a vida, do útero à velhice… um rosário interminável de situações que clamam: “Devolvam a Deus o que lhe pertence”.

Mas não são apenas esses casos clássicos a revelar que a propriedade de Deus foi usurpada. Também o escandaloso e vergonhoso descaso de muitos políticos para com a coisa pública é, de certo modo, usurpação daquilo que pertence com exclusividade a Deus. E assim com a saúde, a educação, a moradia, o transporte, o salário…, que vão “sanguessuga” a vida do povo.

Jesus surpreendeu os “piedosos” fariseus e os fez reconhecer-se cúmplices com a dominação romana, pois carregavam a moeda do tributo. E nós, podemos dizer que nesses assuntos temos as mãos limpas?

Pe. José Bortolini, ssp

 

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