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Dia Mundial da Água: saber usar para não faltar

Especialistas reforçam a importância da proteção e preservação do recurso, que tem feito falta em alguns estados brasileiros no início do ano

A data 22 de março é mundialmente conhecida como o Dia da Água, comemoração criada pela Organização das Nações Unidas – ONU para fomentar a discussão de temas acerca desse bem natural. Afinal, apenas 0,008% de toda a água existente no planeta é própria para consumo, fator que torna necessário conscientização continua sobre esse recurso finito que é cada dia mais escasso.

Utilizada em vários tipos de atividades e transformada por meio da intervenção humana, a água tem sofrido com constantes processos de poluição e desperdício. O consumo sustentável recebe reforço absoluto nesse momento e campanhas incitando o reuso de água, bem como a diminuição do tempo do banho nunca foram tão persistentes.

Segundo informações concedidas pelo Sistema Nacional de Informações do Saneamento (SNIS), o consumo diário de água por pessoa no Brasil atualmente é de 150 litros. Para o professor da Unopar, Diego Vila Guimarães esse é um valor alto, se comparado à necessidade hídrica por habitante que, de acordo com a OMS, é de 100 litros. “Estimativas calculam que 65 a 75% da água consumida pela população brasileira é utilizada nos banheiros”, afirma o docente.

Outro fator que aumenta o consumo diário por habitante são as perdas no processo de tratamento e distribuição da água. As perdas são tanto os vazamentos e extravasões nas redes de distribuição e nos reservatórios, quanto os vazamentos em ligações até os hidrômetros, ou seja, é o índice de água que se perde durante o processo de produção e distribuição de água até o consumidor final. “O índice de perdas do Brasil hoje, segundo o SNIS, é em média de 40%. Assim, a cada 100 litros de água produzida, perdem-se 40 litros no processo de distribuição ou armazenamento da água, sendo essa fatia, considerada de responsabilidade do prestador do serviço”, completa Diego.

A coordenadora do curso de Gestão Ambiental da Unopar, Cláudia Feijó reforça que o consumidor final, bem como as companhias de tratamento, tem a responsabilidade de utilizar e fornecer, respectivamente, a água de forma consciente. No que diz respeito à postura dos consumidores, Cláudia insiste em dicas como fechar bem as torneiras, verificar possíveis vazamentos, regular a válvula de descarga, abolir os banhos demorados, assim como a lavagem de carros e calçadas com mangueiras. “É necessário, também, remover o excesso de resíduos antes de lavar as louças, não jogar lixo no chão nem em rios e comunicar a companhia de saneamento em caso de vazamentos na rua”, adiciona.

Às empresas responsáveis pelo saneamento, Cláudia indica o investimento em projetos de conservação de mananciais e a redução da perda de água em todos os pontos do sistema de abastecimento de água – captação, tratamento, reserva e distribuição. “Reuso da água de lavagem de filtros e decantadores na própria estação de tratamento de água; adoção de programas de educação ambiental visando a sensibilizar a comunidade, instituição de visitas da comunidade às estações de tratamento de água para explicar a complexidade do processo e uso do verso da conta de água com dicas de uso racional de água e, ainda, a disseminação da declaração universal dos direitos da água seriam algumas formas de melhorar o uso desse recurso”, finaliza.

Conheça a Declaração Universal dos Direitos da Água

1. A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável aos olhos de todos.

  1. A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura.
  2. Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.
  3. O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.
  4. A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.
  5. A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.
  6. A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.
  7. A utilização da água implica em respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.
  8. A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.
  9. O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

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