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Empresas equilibradas

Considerando que o equilíbrio financeiro das empresas é fundamental para a sustentabilidade do crescimento econômico, é louvável a iniciativa do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) de criar uma comissão para estudar formas de ampliar e melhorar a formação dos profissionais do setor. Convidado a participar da iniciativa, uma de minhas sugestões é no sentido de estimular as parcerias entre a iniciativa privada e as instituições de ensino. Em recente visita aos Estados Unidos, constatei que as firmas de auditoria têm relação muito saudável e produtiva com as faculdades de Ciências Contábeis, patrocinando encontros, cafés e até as bibliotecas.

Esse é um modelo que gera bons resultados. Também é interessante promover palestras de sócios das firmas aos alunos das instituições de ensino. É sempre importante educar pelo exemplo. Isso ajuda a atrair mais pessoas para a profissão, e um grande compromisso dos contadores é mostrar aos jovens que a carreira pode ser emocionante, desafiadora e propiciadora de conquistas.

         Dado o significado do contador para o sucesso das empresas, em todos os setores de atividade, a falta desses profissionais no Brasil é preocupante. Daí, a pertinência da iniciativa do CFC. A contabilidade e a auditoria passaram por grande evolução no País. O profissional seguia códigos (tributário, contábil e legal) e trabalhava baseado em protocolos. Com a convergência brasileira ao padrão mundial, as empresas precisam de profissionais melhor qualificados e atualizados quanto às transformações introduzidas pelo IFRS (normas internacionais de contabilidade) e as ISA (normas internacionais de auditoria).

O apagão profissional na área ainda não atingiu um ponto crítico porque as empresas conseguem atrair profissionais das firmas de auditoria e dos escritórios de contabilidade e consultoria para suprir as necessidades de seus departamentos de auditoria interna, controladoria e financeiro. Porém, essa alternativa evidencia o quanto o déficit de contadores afeta todos os setores. É preciso avançar nisso, pois o atual ambiente de negócios torna-se cada dia mais complexo, o que aumenta a busca por executivos com um perfil holístico.

Diretores e presidentes das empresas precisam ter amplo leque de conhecimentos, a exemplo dos auditores e contadores, que, ao longo de suas carreiras, desenvolvem múltiplas habilidades e acumulam conhecimentos abrangentes sobre diversos setores econômicos, o que os habilita a ocupar cargos de destaque nas empresas. Não é sem razão, portanto, que temos observado que triplicou o número de profissionais de Advocacia, Administração e Engenharia que buscam uma segunda formação e se matriculam no curso superior de Ciências Contábeis.

A contabilidade floresce na democracia, pela demanda crescente por informação e transparência. A carreira, que perdeu relevância durante a ditadura militar e os anos de hiperinflação no Brasil, começou a reconquistar espaço, tanto com a Lei das SA, quanto com a convergência do País às normas internacionais. No atual ambiente democrático e globalizado, as Ciências Contábeis são decisivas para a credibilidade dos setores público e privado e, portanto, para o desenvolvimento!

 

*Antoninho Marmo Trevisan é presidente da Trevisan Escola de Negócios, membro do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo e do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República.

 

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