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Festa do Milho – Borda da Mata – A Fila …………..

Quem não conhece as filas de espera? Há filas para tudo: para tomar o metrô ou o ônibus; para matricular os filhos na escola; para pagar a conta da luz; para ser atendido no Posto de Saúde; para encontrar uma vaga no estacionamento.

A natureza humana não é nada paciente. Temos pressa para quase tudo, atropelamos e provocamos situações que poderiam ser vivenciadas numa outra ocasião, com pessoas diferentes, com o coração tranquilo e sereno, ou até mesmo situações que exijam de nós apenas mais um segundo, um minuto, uma hora de espera.

Sabendo esperar, teremos sempre o privilégio de nos sentir como em um momento supremo, onde tudo e todos ao nosso redor vislumbram coisas maravilhosas e sublimes.

Nas filas de espera da Festa do Milho, que chamei de prazerosas, enxerguei a mão de obra de 800 voluntários, centenas de doadores, pessoas simples, pessoas abastadas de Borda da Mata, porém, humildes que atenderam ao chamado e não deixaram a graça Deus passar, cada um doando o seu máximo, dentro de sua capacidade intelectual, física ou financeira.

Nessas filas de espera, havia um ambiente em que os pais trouxeram bebezinhos e crianças que podiam circular à vontade com toda segurança.

Nessas filas de espera, estavam artistas de todas as idades que, plagiando meu amigo Poli, tiveram suas mãos e gargantas beijadas por Deus. As músicas cantadas embalavam as pessoas fazendo-as relembrar de um tempo bom, de pedir a volta desse tempo para seus filhos. Não havia as músicas comerciais, de sucesso rápido, som frenético que mexe com a cabeça e a libido dos nossos jovens que se embebedam, se erotizam cada vez mais, esquecendo a importância da vida, buscando uma felicidade falsa a qualquer preço.

Nessas filas de espera, eu vi uma festa ecumênica, onde pessoas de todos os credos e religiões estavam se confraternizando.

Nessas filas de espera, eu vi pessoas de todas as tribos: roqueiros, sertanejos, motoqueiros, jovens e adultos que fiz questão de fotografar.

Uma diversidade de gostos unidos em comunhão.

Nessas filas de espera, eu vi orquestras, duplas sertanejas de raiz, música popular brasileira, que ganhariam prêmios em qualquer lugar que se apresentassem se nosso mundo não fosse tão consumista.

Nessas filas de espera, eu vi crianças fazendo arte e que poderiam trabalhar em qualquer teatro, tamanha a naturalidade e espontaneidade. Graças a um grande trabalho de cidadania muito bem executado por pessoas de bem, eu vi nesta fila de espera, crianças que apresentaram seus dons musicais, cantando ou tocando músicas de sua própria autoria.

Nessas filas de espera, eu vi uma cidade inteira se movimentando e tendo o orgulho de trazer um amigo ou parente de outras cidades para participar da festa.
Nessas filas de espera, eu vi um padre, novinho ainda na idade, mas de grande carisma cantando música popular com o Grupo Poesia Cantada, que pelo nome não preciso dizer mais nada.

Nessas filas de espera, eu vi os bastidores da festa em que homens, mulheres, religiosos e religiosas, crianças, cansados, mas trabalhavam na maior felicidade e com sorriso no rosto.

Nessas filas de espera, eu vi uma cidade inteira unida por um só ideal ou seja, o de viver em COMUNIDADE (comum unidade), em comunhão com o próximo.

Nessas filas de espera, eu escutei do Sargento Paulo, o Comandante do Pelotão Policial, me dizendo:- “Ah se toda festa fosse tranquila como essa!”

Nessas filas de espera, eu enxerguei Deus através do coração e dos rostos alegres de cada pessoa que participava da Festa do Milho e acabei descobrindo que o amor é simples como sorrir .

E descobri também, nessas filas, que é preciso saber esperar!

Principalmente quando a fila parece não andar, pois só assim encontramos tempo para perceber o que passa em nossa volta e é por isso que é importante exercermos a paciência, pensar no outro que está atendendo, pois se existe alguma demora, é que alguém está fazendo um grande esforço para dar um bom tratamento a todos.

Quanto maior for a fila, mais saboroso será chegar ao início dela e apreciarmos com gosto os pasteis, os bolinhos, as pamonhas, o milho cozido, o curau e a polenta, que a vida nos oferece e que muita vezes não saboreamos pela impaciência.

Quão maior for a fila, maior será o alívio de chegar a frente, de sentir o gosto de ser bem atendido.

Sejamos pacientes em todos os momentos. Principalmente nos mais demorados… Pois só assim conheceremos nossa própria força, e, em união com todas as pessoas trabalharemos para o nosso próprio crescimento.

Precisamos saber esperar e dar valor ao trabalho do outro! Com paciência! Com fé! Com a certeza de que atingiremos o início da fila, pois como filhos de Deus que somos, nascemos para vencer, pois a vida nos obriga, depois de um certo tempo a termos paciência e sermos fortes… E daí podemos ter a certeza de que nossa espera valeu a pena e conseguiremos escutar nosso coração dizendo: É AGORA!

 

Maristela Matos.

Borda da Mata

 

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