Os santos sabem de tudo?
|*Prof. Felipe Aquino
Em 1º de novembro, a Igreja comemora o “Dia de todos os Santos”. No céu os Santos sabem, através da comunhão com Deus, de nossas condições aqui na terra. Eles participam da comunhão e do interesse de Deus por nós. Sendo assim, os Santos, que tanto se assemelham a Deus no seu amoroso interesse por nós, também acompanham as nossas lutas.
Tanto nós podemos invocá-los, como também eles podem ouvir as nossas preces. Como? É claro que os Santos não são oniscientes e nem onipresentes. Ou seja, nem sabem de tudo, nem estão em todo lugar ao mesmo tempo. Mas no Céu todos os seus desejos razoáveis são satisfeitos pelo poder de Deus. É razoável que eles desejem conhecer os pedidos a eles dirigidos. Então, Deus os habilita a conhecer as nossas preces.
A perfeita comunhão com Deus permite aos Santos conhecer nossos pedidos e interceder por nós. Eles não estão dormindo. A alma não dorme. A Carta aos Hebreus ensina: “Está determinado que cada um morra uma só vez, e em seguida vem o juízo (de Deus)”. É óbvio que logo após a morte a alma não será julgada por Deus dormindo.
O tempo e a distância não são empecilhos para que os Santos ouçam nossas preces e nos socorram com sua intercessão. Na vida eterna não existe mais a limitação do tempo e do espaço. Por mais secretas que sejam, eles conhecem as nossas preces e estão prontos para nos ajudar por mais desesperada que seja a nossa necessidade. Talvez o fato mais importante de todos seja exatamente que eles “podem” nos ajudar. Eles são amigos de Deus, muito chegados a Ele pela sua santidade, que os fez “participantes da sua natureza divina”, como diz S. Pedro.
Que fique claro: o Santo intercede diante de Deus, mas é Deus quem faz o milagre. Precisamos conhecer as vidas dos Santos e precisamos invocá-los em nossas necessidades continuamente. Devemos fazer todo esforço para nos lembrar deles. As imagens e os quadros são grandes auxílios. Seus exemplos nos inspiram e nos convidam à oração. Dias especiais de honra tributada aos Santos particulares renovam o nosso interesse por eles. Novenas, demonstrações públicas especiais, procissões, a coroação da imagem da Santíssima Mãe de Deus no último de Maio, as peregrinações aos santuários, a dedicação de igrejas a um santo particular – todos esses são apenas alguns dos meios honestos, humanos, de nos ajudar a recordar e imitar os Santos.
Santa Teresa de Ávila, doutora da Igreja, tinha devoção especial a São José e a Santo Agostinho. Do mesmo modo as pessoas costumam se interessar pelos santos que levam seus nomes, também o Santo no céu se interessa por aqueles que trazem o seu nome na terra e os ajuda. Além das pessoas, os grupos também têm patronos. A piedade cristã tem sugerido que certas profissões sejam colocadas sob a proteção de Santos que tiveram similar estado na vida. Os médicos são abençoados tendo como seu padroeiro S. Lucas, “o médico caríssimo” e companheiro de São Paulo. Santo André é o padroeiro dos pescadores, como é apropriado; S. José, dos carpinteiros e trabalhadores de modo geral; S. Marcos, dos escrivães públicos (ele era como que secretário de S. Pedro); S. Cristóvão tornou-se padroeiro dos motoristas; Santo Estêvão, que foi o primeiro cristão a morrer pela sua fé – foi apedrejado até morrer – tornou-se o santo padroeiro dos pedreiros; S. Dimas, o bom ladrão, tornou-se o padroeiro dos condenados à morte; Santo Isidoro protege os agricultores; S. Crispim, os sapateiros; S. Vito, os comediantes. Veja como a Igreja dá importância à proteção dos Santos.
Quando se pretende comemorar o Dia de todos os Santos, é preciso que se saiba que ser santo é possível a todos os batizados. Muitos santos não foram tão santos antes de se colocarem nesse caminho. Um santo vence a fraqueza. Por isso, a Igreja Católica não hesita em examinar no processo de beatificação minuciosamente tudo o que o candidato a santo fez. Em cada santo encontramos uma singularidade. Nenhuma classe tem o monopólio da santidade. Portanto, é importante nos espelharmos nesses exemplos para nos tornar mais santos.