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Por que os pais evitam as reuniões na escola?

A LDB (Lei de Diretrizes e Bases – Lei 9.39496) diz que “a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana…”. Com isso, as escolas brasileiras possuem características similares quando o assunto é reunião de pais! Todas as escolas realizam esse procedimento que, geralmente, acontece em determinados períodos do ano, especialmente no fechamento dos bimestres, momentos que marcam a entrega de notas.
Infelizmente, é relativamente baixa a participação dos pais nas reuniões escolares. Isso se deve a vários motivos e, entre eles, os horários das reuniões que, muitas vezes, acontecem no período de aula, ou seja, no horário de trabalho da maioria das famílias.

Outro motivo é a discriminação comportamental. Os pais dos alunos que obtiveram notas elevadas e que apresentam bom comportamento são parabenizados, enquanto os pais daqueles que não atingiram as médias estabelecidas pela escola e não apresentaram comportamento apreciado são alertados, em público, quanto à falta de interesse e indisciplina dos filhos.
Há muitas reclamações em relação aos alunos indisciplinados e com baixas notas. A forma como esses pais são abordados é discriminatória e vexatória, pois há casos em que os professores colocam o nome desses alunos na lousa antes mesmo de a reunião começar. Essa prática aumenta ainda mais o constrangimento das famílias com filhos em situação de desvantagem, dado que as mazelas são expostas diante de todos os presentes. Há também escolas que realizam a reunião com os pais, um professor de referência da sala e professores especialistas.
Durante essa reunião, aluno por aluno é pontuado, diante de todos os presentes: como se comporta, suas notas e outras informações. Ora, existem várias formas de essas pontuações serem feitas! Os pais têm, sim, que estar presentes na escola e acompanhar a vida escolar de seus filhos, mas também é papel da escola estar “aberta” a recebê-los e a atendê-los de um modo adequado.
É importante pontuar que problemas com indisciplina, dificuldades de aprendizagem e vandalismo podem ser amenizados se escola e família trabalharem juntas. Mas, infelizmente, ainda existem muitas famílias e escolas vivendo num grande dilema ao “transferir” responsabilidades umas para as outras.
Os professores atribuem a culpa dos problemas aos pais que não cumprem suas obrigações de educar, cultivando a convicção de que as famílias esperam que a escola o faça, pois mandam seus filhos para lá, mas não ajudam nem participam da vida escolar deles. Por sua vez, as famílias culpam os professores, apontando um possível despreparo, bem como a gestão escolar, acusando-a de não fazer o que é preciso para melhorar. Nesse “jogo de empurra-empurra”, quem perde é o aluno e, como consequência, a sociedade como um todo.
Há uma grande confusão de papéis entre pais e escolas, pois cada parte não sabe reconhecer sua responsabilidade compartilhada. É necessário que caminhem juntas, buscando se adaptar às mudanças necessárias, de modo a chegarem a um consenso, proporcionando, assim, eficácia na educação e no aprendizado das crianças.
As famílias devem buscar a interação com a escola, participando ativamente, dando sugestões e opiniões, além de estarem a par das atividades escolares oferecidas aos seus filhos. É necessária interação entre ambos, pois somente quando pais e professores estiverem “falando a mesma língua” será possível uma parceria produtiva na escola.

Outro motivo que acaba dificultando a presença do responsável junto à escola é que muitas famílias apresentam configuração monoparental, ou seja, apenas uma pessoa é responsável por cuidar da educação dos filhos, acompanhar sua vida escolar, além de proporcionar o sustento da família. Mas isso não quer dizer que o responsável está “isento” de sua presença na escola. Torna-se mais difícil, mas não impossível! A família é responsável por promover o convívio social, que deve ter início no ambiente familiar.
Quando unidas e dispostas a oferecer o melhor aos alunos, família e escola podem promover mudanças significativas para o bem-estar de cada uma de nossas crianças, adolescentes e jovens.

* Daniele Vilela Leite é Orientadora Educacional na empresa Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br); formada em Serviço Social pela Univap, com larga experiência em trabalhos em creches no interior de São Paulo.

 

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