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Se vamos viver mais, como vamos viver?

Sabemos que o envelhecimento da população já está acontecendo, pois as famílias têm menos filhos estão preocupadas cada vez mais com a vida profissional. Mas vamos nos questionar. Se estamos envelhecendo, como vamos viver? Quem cuidará de nós? Ainda, quem cuidará do próprio familiar cuidador?

Uma pesquisa realizada recentemente pela USP (Universidade de São Paulo) constatou que 40% das pessoas que cuidam de idosos doentes são também idosas e, principalmente, mulheres. Elas assumem este papel, pois não querem atrapalhar a vida profissional ou pessoal dos seus filhos, não pedem ajuda, e assim, agregam funções que muitas vezes são dolorosas e desgastantes. E o impacto na saúde do cuidador idoso é enorme. Com uma carga maior de estresse, ele está mais propenso a ter problemas físicos e psicológicos do que a população idosa em geral. Percebemos que por causa do desgaste, ele acaba negligenciando a saúde do outro, não por querer, mas pelas condições e estruturas em que se encontra.

Só em São Paulo vivem 1,4 milhão de idosos acima de 60% (12% da população). A maioria tem duas doenças ou mais (80%). Entre 80 e 90 anos, 20% deles apresentam algum tipo de demência – a partir dos 90 anos, esse número é de 40% e pode piorar. Imagine ter de cuidar do marido que não tem nenhuma recordação? Acreditem, é triste e doloroso, pois os idosos com demência esquecem e voltam a ser crianças e essa realidade é dura demais para quem não tem o preparo profissional e psicológico. Assim, é fundamental a ajuda de um cuidador profissional. Quando não existe a figura desta pessoa qualificada para a função, quem assume a responsabilidade de cuidar do idoso tende a sofrer calada e pode ficar com depressão, fadiga, frustração, além de reduzir o convívio social e diminuir a autoestima. Pode até se tornar intolerante e amarga, distanciando-se da pessoa cuidada e da família. Em casos extremos, pode morrer antes mesmo do idoso cuidado.

Por isso, cuide e dê carinho aos seus pais, pois eles passaram uma grande parte de suas vidas cuidando de você. Além disso, sabemos que vamos também passar por isso. Talvez caiba a você cuidar do seu marido ou da sua esposa, pois seus filhos podem não ter tempo para tal; ou ainda, as necessidades podem ser outras onde quem precisará de ajuda será você. Por isso, reflita e veja como pode ajudá-los para tornar o dia a dia do idoso mais ameno, tranquilo e o mais importante: Feliz!

Eduardo Chvaicer

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