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“In memoriam” do inesquecível amigo Eduardo Nogueira

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Aprendi a admirá-lo e a respeitá-lo, desde minha infância, desde aquele tempo em que se tornara como que um verdadeiro irmão mais velho, convivendo conosco como parte integrante da família de Agenor de Mello.

Lembro-me, como se fosse hoje, que ajudou muito na criação e educação de todos nós, desde o Narcy até o Gustavinho, passando pela Mariinha, Zezinho, Waldir, Waldemar e por mim que escrevo, agora, estas modestas linhas de homenagem à sua saudosa pessoa.

Recordo-me, com saudades, daqueles tempos em que ele, vocacionado para o esporte “bretão”, se transformara em técnico do belo time do Borda da Mata F.C., naquela era inolvidável do grande América F.C., dos inesquecíveis estádios das Amoreiras e Raul Cobra. Nesse mister, ele pode mostrar sua competência e simpatia com todos os jogadores e aficionados do futebol.

Relembro-me, também, de sua figura mansa e agradável como barbeiro de nossa família e de muitos outros conterrâneos bordamatenses, em cuja profissão, de forma muito cordial e zelosa, com sua grande simpatia e total simplicidade, atendia a todos que o procuravam.

Sua vida não foi, contudo, nada fácil, sendo e isto sim repleta de dificuldades, de imprevistos e tribulações outras, tendo sofrido dolorosos golpes do destino, quais sejam as perdas irreparáveis de seu adorado filho Haroldo, de sua pranteada esposa Alice e de seu bondoso irmão Aristides.

Não obstante tudo isto, o inesquecível amigo “Dudu”, dotado de fibra inquebrantável, não se deixou abalar, eis que resignado e conformado continuou plantando sementes de bondade, compreensão e muito amor por onde quer que passasse.

Sua maneira singular, seu sorrisinho de entusiasmo e encorajamento, seu exemplar comportamento, sua simplicidade e a luz própria que possuía, atraíam inúmeros e devotados amigos. Com seu modo de ser, sabia, como poucos, dirigir a todos nós palavras de conforto e solidariedade, estendendo sempre suas mãos generosas e compassivas àqueles que lhe revelassem alguma dor ou sofrimento físico e moral, pois era rico de bondade, compreensão e otimismo.

É bem verdade, de público e notório conhecimento, que, em seus últimos anos de vida, aproximou-se, mais do que nunca, do meu mano Gustavinho, até porque, morando fora, eu só tive a felicidade e ventura de vê-lo de vez em quando, enquanto que meu citado irmão pode usufruir muito mais de sua abençoada companhia, honrado de ser seu procurador e verdadeiro “Anjo da Guarda”.

Por isso mesmo é que todas as vezes que visitava este nosso querido torrão natal, era sempre muito prazeroso nos encontrarmos na praça, onde no banco do jardim em flores trocávamos idéias sobre problemas do país, falávamos sobre política e ele contava estórias memoráveis de seu passado, de coisas acontecidas no período em que morou em nossa casa; relembrava também casos de meu tio Benedito Elpídio (“Boticário”), do tio Messias, do Benjamim, além de outras passagens vividas no seu tempo de treinador, enfim, de famosos “causos” que lhe vinham à memória.

Destarte, meus amigos, certo é que, infelizmente, o amigo Eduardo Nogueira partiu como que derramando raios de sol em torno de si, ou como quem já estava preparado para viver no paraíso celestial, com sua “mente sã e corpo são”! Ele fazia até algumas travessuras pela sua idade avançada, como suas tradicionais caminhadas, indo, vez por outra, em direção ao cemitério, passando sempre pela nossa Basílica, na qual religiosamente rezava para nossa Excelsa Padroeira e para o Santíssimo Sacramento, graças à grande disposição física e espiritual de que era dotado, ou seja, em outras palavras: jamais deixou de ser nosso “velhinho sacudido e porreta”!

Sua vida foi deveras modelar e irreparável, valendo dizer que “ela não foi como as catedrais góticas, mas como a ermida, a capelinha das estradas, como os pequenos templos brancos que se erguem nas colinas e nos montes, revelando-se como os mais belos, exatamente porque simples e humildes“. Assim como nosso querido Eduardo soube ser em sua vida inteira: ermida e não catedral!

Sua figura ausente deixa-nos um grande vazio e a inabalável certeza de que, agora, repousa serenamente em companhia de Deus, no paraíso celestial, junto de seus familiares e entes queridos, bem como da legião de amigos que soube conquistar aqui na terra, em seus 94 anos bem vividos, abençoados e de admiráveis exemplos.

Eduardo Nogueira, assim, haverá de permanecer sempre em nossos corações e em nossas lembranças! Permanecerá de forma inesquecível como modelo de cidadania, irrigada pela exemplar e dignificante conduta que soube ter em sua notável e modelar existência!

Que sua inesquecível figura humana descanse em paz!

Do seu amigo do peito,

 

De Juiz de Fora para Borda da Mata, março de 2.009.

 

Agenor de Mello Filho (Agenorzinho)

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