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Agricultor deve estar atento para não quebrar eficiência dos produtos para controle de Helicoverpa

Com surgimento de novas pragas, realizar manejo adequado volta a ser desafio, explica pesquisador da Embrapa

 

Pragas polífagas, aquelas capazes de se alimentar de várias culturas, estão entre as mais difíceis de serem controladas. Na safra 2012/13, produtores do oeste baiano viram a situação sair de controle. É por esse motivo que a identificação de uma nova lagarta, a Helicoverpa armigera, preocupa tanto técnicos e produtores e coloca em pauta a discussão de que será cada vez mais importante compreender as táticas de manejo de pragas do sistema produtivo, entre elas o controle químico. Sair aplicando inseticidas sem observar outras táticas de manejo pode agravar ainda mais o problema. Quem faz o alerta é o pesquisador da Embrapa Soja, Edson Hirose.

 

 “Hoje é cada vez mais comum encontrar várias culturas ocupando extensas áreas em uma mesma região. O resultado é a abundância de alimentos e um período de tempo maior para as pragas se multiplicarem. A melhor forma de lidar com essa situação é pensando no manejo de pragas de todo o sistema agrícola”, explica o pesquisador. Conhecer o mecanismo de ação dos inseticidas, ou seja, como ele irá atuar sobre a praga, a seletividade dos produtos aos inimigos naturais e realizar a rotação de grupos de herbicidas estão entre as recomendações dos especialistas.

 

No caso da Helicoverpa, o pesquisador destaca que será muito importante conduzir bem o manejo a fim de se evitar a quebra de eficiência dos produtos autorizados emergencialmente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Há mais de 600 relatos de resistência da Helicoverpa armigera a múltiplos grupos de inseticidas em vários países. Isso mostra a complexidade do problema que podemos ter que enfrentar, mas também nos abre o caminho para lidar de uma maneira eficiente com o problema”, destaca Hirose.

 

A escolha dos grupos de produtos a serem usados é um dos primeiros pontos: produtos seletivos são menos prejudiciais aos outros insetos que frequentam as lavouras e que prestam um serviço importante no controle das pragas. Entre insetos benéficos, estão os predadores e os parasitoides, e ainda há as doenças provocadas por vírus, bactérias, fungos e nematoides, capazes de reduzir a população de insetos pragas.

 

Como a situação da Helicoverpa é emergencial, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento liberou inicialmente cinco princípios ativos que apresentam efeito sobre a Helicoverpa. “É importante que, durante a safra, o produtor planeje bem como fará o controle de lagartas nos diversos cultivos na propriedade. Além disso, os produtos que foram liberados não devem ser misturados e os princípios ativos devem ser rotacionados a fim de se preservar a efetividade dos produtos”. A pressão de seleção pode aumentar a frequências de insetos resistentes, tornando o problema insustentável.

 

Para o pesquisador, é preciso retomar a consciência de que o controle químico é apenas uma ferramenta do manejo e deve ser só deve ser aplicada após a detecção da praga em uma determinada população. “Há outras técnicas que se complementam, mas que com o tempo caíram no esquecimento”, explica.

 

Conheça as características e os hábitos da Helicoverpa  armigera

A Helicoverpa armigera é uma espécie de lagarta que ataca principalmente as estruturas reprodutivas das plantas. É uma lagarta extremamente agressiva, que costuma estar posicionada nas flores e vagens da soja e se multiplica muito rapidamente. Em campo, é praticamente impossível identificar a Helicoverpa armigera e separá-la da Helicoverpa zea. Apenas exames laboratoriais têm condições de comprovar a presença da praga. “Mas isso não significa que o produtor não terá como enfrentar essa situação. A amostragem de pragas e o monitoramento permanente da lavoura devem voltar a ser rotina nas propriedades e o nível de ação da praga, o balizador das operações de controle químico”, destaca.

 

Confira os produtos liberados emergencialmente pelo Mapa para algodão e soja

 

Ingrediente Ativo

Grupo

Algodão

Soja

Modo

Sítio

Vírus VPN HzSNPV

Biológico

20 g

20 g

Ingestão

Células do mesêntero

Bacillus thruringiensis

Biológico

500-750 g

500 g

Ingestão

Lise de mesêntero

Clorantraniliprole

Diamida

150 mL

50 mL

Contato – ingestão

Bloq. Canais Rianodina

Clorfenapyr

Pirazol

1500 mL

Contato – ingestão

Bloq. Cadeia Resp.

Indoxacarbe

Oxadiazina

400 mL

Contato – ingestão

Bloq. Entrada Na.

DOU de 18/03/2013 (n°52, Seção 1, p. 31)

 

Carina Rufino – Jornalista (Mtb 3914-PR)

Embrapa Soja

Carina.rufino@embrapa.br

 

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