Como sair das dívidas – inadimplência em alta
|Em março, aproximadamente 54,7 milhões de consumidores brasileiros estavam com os nomes negativados, isto é, inscrito no SPC. Os dados são da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Esse número representa um aumento de 3,76% em relação ao mesmo período do ano passado. Contudo, o mais assustador é que a quantidade de inadimplentes equivale a 37,5% da população economicamente ativa.
A inadimplência está em alta, contudo, todos sabem os efeitos, mas poucos combatem a causa, que é a falta de educação financeira e a necessidade de consumo descontrolado, que leva ao ciclo do endividamento. A parcela da população que compõe esses índices precisa encarar a realidade e buscar resolvê-la da melhor maneira possível. O momento é de cautela; é preciso saber exatamente onde está o problema, qual o tamanho da dívida e quanto poderá guardar por mês para quitá-las sem que acabe tendo que fazer outra dívida, comprometendo seriamente o orçamento e a vida financeira.
Sabemos que os juros dos bancos realmente são exorbitantes, mas, para que as coisas mudem, é preciso mudar também o comportamento, não se pode agir da mesma maneira. Por isso, é hora de parar de ficar procurando culpados, colocando a responsabilidade nas instituições financeiras, no governo ou no sistema. Tenha o controle das rédeas das suas finanças e mude os hábitos em relação à utilização e administração do dinheiro, buscando educar-se financeiramente.
Para isso, há diversos cursos, palestras e livros disponíveis no mercado que auxiliam nesse processo de maneira descomplicada e eficaz. Isso fará com que as pessoas sejam mais conscientes e sustentáveis no uso dos recursos financeiros, não precisando dar cheques sem fundo, utilizar o limite do cheque especial, pegar empréstimos ou ficar sem honrar com os seus compromissos.
Sendo assim, elaborei algumas orientações básicas para quem está nessa situação e quer sair ou mesmo para quem não quer nem entrar nela:
Perguntas que o consumidor deve se fazer antes de qualquer compra:
- Eu realmente preciso desse produto?
- O que ele vai trazer de benefício para a minha vida?
- Se eu não comprar isso hoje, o que acontecerá?
- Estou comprando por necessidade real ou movido por outro sentimento, como carência ou baixa autoestima?
- Estou comprando por mim ou influenciado por outra pessoa ou por propaganda sedutora?
Se mesmo diante deste questionamento, a pessoa concluir que realmente precisa comprar o produto, seria prudente fazer mais algumas perguntas como:
- De quanto eu disponho efetivamente para gastar?
- Tenho o dinheiro para comprar à vista?
- Precisarei comprar a prazo e pagar juros?
- Tenho o valor referente a uma parcela, mas o terei daqui a três, seis ou doze meses?
- Preciso do modelo mais sofisticado, ou um básico, mais em conta, atenderia perfeitamente à minha necessidade?
Para quem já está endividado, os seguintes passos são essenciais:
- Colocar na ponta do lápis todas as dívidas que possuir;
- Fazer um diagnóstico financeiro, ou seja, saber exatamente quais são os ganhos e gastos mensais;
- Relacionar, no mínimo, três sonhos: um de curto (até um ano), um de médio (de um a dez anos) e outro de longo (acima de dez anos) prazo, sendo que um deles deve ser o de sair das dívidas;
- Com os números em mãos, saber quanto poderá poupar por mês para realizar o sonho de sair das dívidas sem que tenha que fazer outra dívida;
- Aplicar esse dinheiro em um investimento que seja coerente ao tipo de objetivo (prazo) e ao perfil do investidor. É importante consultar um especialista;
Ter em mente que só se deve pagar uma dívida quando se tem condições de fazer isso, ou seja, após se planejar, pois um passo precipitado pode até piorar a situação. Portanto, só se deve procurar um credor, quando já souber quanto terá disponível mensalmente para pagar e, então, poder negociar.