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“Covid-19 não deve interromper tratamento contra o câncer”, orienta médico oncologista da Unifesp

Adiamento de primeiras consultas, cirurgias ou quimioterapia reduz chances de cura

 

A população ainda tem muitas dúvidas sobre procedimentos que devem ser adotados com o novo Coronavírus – COVID-19 – para os pacientes com tumores cancerígenos. “O tratamento do câncer é uma prioridade e não deve ser interrompido”, orienta Ramon Andrade de Mello, médico oncologista, professor da disciplina de oncologia clínica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e da Escola de Medicina da Universidade do Algarve (Portugal).

 

O especialista reforça que a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e a Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) recomendam que os tratamentos não devem ser interrompidos. “Salvo alguns casos, que devem ser avaliados pelos médicos responsáveis pelos pacientes. O risco do câncer progredir, ou a pessoa vir a falecer de um câncer, é bem maior do que o paciente falecer pelo novo Coronavírus. O paciente que tem câncer deve se preocupar com o tratamento oncológico”, esclarece Mello.

 

Entre outras recomendações, a SBOC aconselha que as pessoas com qualquer sintoma de gripe, e que tiverem contato com terceiro na mesma condição ou com diagnóstico confirmado de Covid-19, devem evitar, ao máximo, aproximar-se de pacientes com câncer.

 

“Aqueles que têm diagnóstico de câncer e estão em tratamento, embora sem uma recomendação anterior, tenho orientado aos meus pacientes que utilizem máscaras para evitar o contágio ou, em alguns casos, consultadas por telemedicina”, diz. Ele lembra que esse procedimento por meio de whats app, Skype ou zoom foi aprovado pelo CFM – Conselho Federal de Medicina (ofício CFM n0 1756/2020 – COJUR, Brasília, 19 de março de 2020). Os familiares desses pacientes também precisam utilizar máscaras porque eles podem estar com o vírus e não apresentar sintomas, além de outros cuidados recomendados”.

 

O especialista reforça que os pacientes em processo de diagnóstico do câncer não devem adiar as consultas. Ele lembra que o tratamento curativo do tumor ocorre na fase inicial da doença. “Se você tem um paciente aguardando um diagnóstico ou uma cirurgia de câncer, e adia até mesmo a quimioterapia, ele está dando margem para o câncer progredir e perde a chance de curabilidade”, esclarece Mello.

 

Sobre Ramon Andrade de Mello

Oncologista clínico e professor adjunto de Cancerologia Clínica da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ramon Andrade de Mello tem pós-doutorado em Pesquisa Clínica no Câncer de Pulmão no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra) e doutorado (PhD) em Oncologia Molecular pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal).

O médico tem título de especialista em Oncologia Clínica, Ministério da Saúde de Portugal e Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO). Além disso, Ramon tem título de Fellow of the American College of Physician (EUA) e é membro do Comitê Educacional de Tumores Gastrointestinal (ESMO GI Faculty) da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (European Society for Medical Oncology – ESMO), Membro do Conselho Consultivo (Advisory Board Member) da Escola Europeia de Oncologia (European School of Oncology – ESO) e ex-membro do Comitê Educacional de Tumores do Gastrointestinal Alto (mandato 2026 – 2019) da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (American Society of Clinical Oncology – ASCO).

O oncologista é do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e Hospital 9 de Julho, em São Paulo, SP, e do Centro de Diagnóstico da Unimed (CDU), em Bauru (SP).

 

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