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O que é preciso para ser feliz e ter sucesso

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Histórias inspiradoras nos fazem querer seguir os mesmos passos, mas tudo depende do sentimento completo que resume o sucesso

É muito comum lermos artigos na internet de grande repercussão com o tema: “Larguei tudo e hoje sou feliz”. Por que atualmente tantas pessoas largam carreiras estruturadas, com excelentes salários, e estilo de vida invejados para se aventurar no incerto? Essas histórias de pessoas que tomaram atitudes radicais, às vezes, são muito inspiradoras. Nos levam a refletir sobre nossas próprias atitudes diante da vida. Eles tiveram coragem. Tiveram disposição e energia para sair em busca de um ideal. O administrador que largou tudo para cultivar uva num cantinho escondido do mapa, a advogada que deixou o agitado escritório para produzir essências aromáticas, o empresário que resolveu correr o mundo como mochileiro, etc. São muitas histórias interessantes que despertam o ideal de liberdade.

Mas porque largaram tudo de um momento para o outro quando o ideal seria fazer uma transição planejada de carreira? Do ponto de vista profissional, entendemos que não é do sucesso que o indivíduo abre mão e, sim, de um conceito equivocado do que seja o mesmo. Para entender melhor esse contexto é preciso refazer a pergunta. O que é sucesso? A sociedade ainda entende e valoriza como bem sucedido, pessoas que tem excelentes salários, ocupam cargos de poder e destaque ou são empresários com contas robustas no banco.

A questão é que a essência humana é mais complexa e o sucesso verdadeiro vai muito além do profissional e financeiro. A vida é composta de muitas áreas, compostas por saúde, profissional, financeiro, físico, lazer, relacionamento familiar, relacionamento social, relacionamento amoroso, intelectual e espiritual – não necessariamente nessa ordem. Quando conseguimos dedicar atenção e tempo para contemplar cada um delas, a roda da vida gira em equilíbrio perfeito. Essa harmonia entre as várias áreas é o que consideramos como sucesso verdadeiro.

Porém, se ao contrário do movimento equilibrado passamos a priorizar apenas uma área ou duas da vida (profissional e financeiro) em detrimento das outras, o elo da corrente em algum momento pode ruir e a conta poderá chegar desmistificando o falso sucesso. O stress, a competitividade, o excesso de cobranças, tem começado cada vez mais cedo. As crianças tem compromissos de adultos e quando chega o momento de assumir uma profissão, muitas vezes esses jovens já se encontram saturados e abandonam as horas forçadas de estudo por algo que acreditam que lhes trarão maior qualidade de vida.

No caso dos adultos não é diferente. Muitos profissionais vivenciam tantas cobranças, stress e desgaste emocional que chegam a comprometer seriamente a saúde. Em outros casos, pais e mães que não acompanharam os filhos crescerem, abriram mão do lazer e de um relacionamento íntimo mais completo, entre tantas outras coisas. Se uma pessoa chegar no lugar tido como auge de sua carreira, mas em detrimento dela teve que abrir mão de muitos valores primordiais, nessa hora, vem o questionamento. Por consequência, se as concessões foram em demasia esse indivíduo pode concluir que não valeu a pena. É nesse momento que um profissional considerado bem sucedido pode abrir mão de tudo para resgatar o elo perdido. Reencontrar a vida que deixou para trás. Penso que o ideal seja crescer profissionalmente na mesma medida do progresso pessoal. Sem abrir mão de outros valores tão fundamentais para nossa existência. Para isso é fundamental que haja reflexão constante para que seja possível fluir ao invés de congelarmos na repetição do mesmo.

O ser humano por aprendizado milenar busca o constante movimento. Isso era a garantia de vida de nossos ancestrais. Como herança queremos a novidade, o frescor, a alegria de viver e poder dizer com orgulho: “Sei por que acordo todos os dias”. Para mantermos esse frescor é preciso confiar, inovar constantemente, abrir mão do que não serve mais e ao mesmo tempo preservar o que é precioso. Talvez sejam esses os motivos que fazem com que admiremos os corajosos que desapegam do conhecido e conseguem dizer “larguei tudo e hoje sou feliz”.

Artigo de:Hilda Medeiros

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