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Saudação de Cônego Edson José Oriolo dos Santos

bispoNo dia 16 de março, envolvido com a inesperada doença do Mons. Vicente Gomes, meu Cirineu, fui surpreendido por um telefonema do Mons. Piergiorgio Bertoldi convocando-me para ir à Nunciatura Apostólica. Não houve tempo para refletir sobre o chamado inusitado, pois outro telefonema informava que Mons. Vicente, que já estava na UTI, acabava de ter uma parada cardiorrespiratória, encontrando-se em estado grave. Na quarta-feira, dia 18, ainda sob o forte efeito do passamento do querido amigo e colaborador, recebo outro telefonema da Nunciatura.

Na sexta-feira, dia 20, estando num curso em São Paulo, resolvi ir à Brasília. Na sede da Nunciatura Apostólica, fui recebido pelo Mons. Bertoldi que disse-me: “Pe. Edson, o Núncio Apostólico no momento encontra-se fora do País”. Em seguida, entregou uma carta endereçada a mim. “Leia e eu volto daqui a pouco”. Na carta soube que o Santo Padre o Papa Francisco havia me nomeado Bispo Titular de Segia e Auxiliar do Excelentíssimo Sr. Arcebispo de Belo Horizonte.

Por um momento, refletindo sozinho, fiquei totalmente estático. O silêncio foi interrompido pela chegada do Mons. Bertoldi. Nada falei, fiquei apenas ouvindo-o dizer como tudo se tinha encaminhado. O Papa havia me nomeado e aguardava minha resposta. Sua Santidade o Papa Francisco esperava o meu sim para ser Bispo Auxiliar de Belo Horizonte, enfatizou o Mons. Encarregado de Negócios a.i. Entre uma e outra conversa, perguntou-me o porquê do medo. Consciente do que significava aquele momento pedi alguns dias para rezar, pensar e responder.

Voltando para São Paulo e depois para Pouso Alegre, dispus-me amadurecer essa ideia, em oração. Fiz uma avaliação da minha caminhada humana e sacerdotal. Conscientizei-me, uma vez mais, do alcance dos meus limites e de quais foram as aspirações que nortearam minha formação e meu sacerdócio. Refleti quais seriam as razões deste chamado. Tocou-me profundamente a convicção de que sou apenas instrumento da graça de Deus. Percebi com clareza a ação constante da Misericórdia Divina na minha história de discípulo.

No dia 25 de março, festa da Anunciação a Nossa Senhora, assenti à nomeação. Aceitei o chamado da Igreja, na obediência, amparado na confiança de que a Misericórdia de Deus está comigo e sempre estará. Na segunda-feira santa, dia 30 de março, S. Exa. Dom Walmor Oliveira Azevedo, telefonou-me manifestando sua alegria por ter aceito fazer parte da família arquidiocesana de Belo Horizonte. Percebi a grande consolação de Deus, na acolhida expressa nas palavras de pai, irmão e amigo de meu arcebispo Dom Walmor.

Neste momento importante da minha vida, desejo reconhecer a insondável ação da Misericórdia de Deus. Só me é possível compreender esse chamado para o episcopado como proveniente do “alto”. A comoção invade o meu coração ao verificar de quantas formas o Senhor vem demonstrando a sua misericordiosa bondade para comigo. Agradeço, filialmente, ao Santo Padre, o Papa Francisco, pela confiança em mim depositada, renovando-lhe o desejo de viver na obediência e plena comunhão. Expresso, também, o meu agradecimento ao senhor Arcebispo Metropolitano, Dom Walmor, por aceitar-me em sua família arquidiocesana, bem como aos demais senhores bispos auxiliares e eméritos.

Recomendo a Deus todas as pessoas, vivas (José Eugenio meu pai, Flavio e Claudia irmãos, sobrinhos, familiares e amigos) e falecidas (Alzira Oriolo minha mãe, Mons. Pedro Cintra e Mons. Vicente Gomes), bem como os arcebispos, irmãos sacerdotes, leigos e leigas com os quais compartilhei a vida ministerial na arquidiocese de Pouso Alegre. Todos, sem exceção, foram instrumentos da graça e do amor de Deus em minha vida.

Envio o meu abraço fraterno ao povo de Deus que está na Igreja Arquidiocesana de Belo Horizonte, espalhado por tantas paróquias, comunidades, grupos, pastorais e movimentos. Desejo saudar cada bispo, sacerdote, religioso, religiosa, seminarista, leigo e leiga que dedica a vida no anúncio do Evangelho, cumprindo o sublime mandato de Cristo. Saibam que vou para junto de vocês no desejo de servir e de construir comunhão, dedicando todas as minhas energias na ação pastoral, auxiliando o nosso pastor Dom Walmor.

Estou vivenciando o meu reconhecimento a Deus pelo dom da vocação. As alegrias do jubileu de meu ministério sacerdotal (25 anos, no próximo dia 5 de maio), totalmente dedicado à Arquidiocese de Pouso Alegre que amo, são agora intensificadas na plenitude do sacerdócio para a qual sou chamado. Desejo continuar servindo a Igreja de Cristo, consciente de minhas limitações e do quanto é necessário esperar da graça e da misericórdia.

Que Deus me capacite para viver a missão de “Pastor” e de “Sumo Sacerdote”. No exercício do meu ministério episcopal quero fazer-me um dom para todos, segundo a “mansidão” e “a pureza de coração” do Bom Pastor, que veio para servir e não para ser servido. Peço que rezem por mim, estejam comigo na oração, para que eu saiba acolher, caminhar e edificar, para que eu possa “anunciar as riquezas da misericórdia”.

Consagro-me a Maria, Senhora das Graças, suplicando a proteção materna para que eu corresponda ao grande amor que Deus nos tem demonstrado.

Cônego Edson José Oriolo dos Santos.

 

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