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Como prevenir desastres causados pelas chuvas

As fortes chuvas têm sido um grande problema em vários municípios brasileiros. O processo de urbanização desordenado ao longo dos anos agravou a duração, a intensidade e a freqüência de desastres naturais causados pelas chuvas como deslizamentos e alagamentos.

 

Com a retirada da cobertura vegetal e a pavimentação de ruas e construção de edifícios, os solos estão cada vez mais impermeáveis, assim como os sistemas de drenagem tornaram-se ineficientes ou até mesmo inexistentes. Além disso, a população lança indevidamente lixo nas encostas e rios, atrapalhando o fluxo da água e permitindo, assim, que ela se acumule mais rapidamente nos pontos mais baixos das cidades. 

 

No entanto, o que tem causado grandes avarias nos últimos anos é a ocupação desordenada às margens dos rios e as construções em áreas inadequadas como morros e encostas. Essas áreas são denominadas áreas de risco, onde não é recomendado construir, pois são muito expostas a desastres naturais como deslizamentos e alagamentos. Porém, essas regiões continuam sendo ocupadas devido à desigualdade sócio-econômica encontrada no país.

 

No Brasil, ainda não existe um programa sistemático para planejamento e controle da ocupação de áreas de risco. Geralmente, o atendimento ao problema somente se dá depois do ocorrido e fica no esquecimento até a próxima chuva. O zoneamento de áreas de risco que deveriam ser previstosem Planos Diretores Urbanosde todos os municípios é a única maneira de evitar catástrofes como as ocorridas nos últimos dias, pois permite que o poder público impeça a construção ou até remova famílias que morem em áreas que não são seguras. 

 

O mapeamento e zoneamento de áreas de risco consistem em identificar e delimitar, em áreas urbanas, os locais sujeitos a deslizamentos e alagamentos, permitindo assim o gerenciamento e monitoramento das regiões abrangidas. No entanto, esse zoneamento nem sempre está disponível ou, se está, não é respeitado, seja por falta de conhecimento técnico ou político, por falta de informação da população ou até mesmo por omissão de fiscalização.

 

É necessária uma atuação preventiva de iniciativa pública, além da conscientização da população sobre os riscos de se construir em áreas irregulares. Somente assim podemos sanar esses danos avassaladores causados pela fúria da natureza.

 

Como prevenir-se das chuvas nas áreas de risco

 

• Evitar os cortes verticais do talude (terra);

• Evitar a plantação de bananeiras, que é uma planta pesada e de raiz superficial nas encostas, dando preferência às plantas mais leves e de raízes profundas, como o bambu;

• Não jogar lixo nas encostas, córregos e bocas-de-lobo;

• Construir calhas nos telhados, conservando-os limpos;

• Construir canaletas no chão para direcionar a água;

• Manter limpos os ralos, esgotos, galerias, valas, etc.;

• Aterrar buracos que acumulam água;

• Reforçar muros e paredes poucos confiáveis;

• Providenciar a poda ou corte de árvores com risco de queda;

• Incentivar a criação de grupos de cooperação entre os moradores em locais de risco;

• Não construir moradias às margens de cursos d’água, sobre aterros ou próximos de brejos;

• Construir a casa sempre em nível mais elevado que o curso d’água mais próximo;

• Observar se as árvores estão ficando inclinadas, se há trincas novas nas paredes das casas ou no chão e se há movimentação do terreno;

• Observar se a água da chuva está barrenta e contendo plantas e troncos, pois poderá ser um sinal de inundação.

 

Órgãos públicos a serem acionados

 

• Corpo de Bombeiros – Tem a função de buscas, salvamento, proteção e resgate de pessoas e objetos em caso de fato consumado ou de consumação eminente.

• Defesa Civil Municipal – Realiza vistorias preventivas, remoção e alojamento de pessoas em risco, distribuição de alimentos, lonas e barracas.

• Defesa Civil Estadual – Cooperação com as comissões municipais de defesa civil.

 

Pamela Braga da Silva Rosa

Engenheira da Amesp

 

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