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Pacientes com hepatite C avançada têm até 80% de chance de cura com terapias modernas

Cerca de 50% a 70% dos pacientes permanecem com a inflamação no fígado por tempo prolongado. Desses, 20% evoluem para a cirrose e têm risco de 1% a 4% ao ano de desenvolver câncer

O Brasil possui hoje 1,5 milhões de pessoas convivendo com o vírus da hepatite C, segundo o Ministério da Saúde. Estima-se que a maioria sejam adultos entre 45 e 64 anos e que o número de infectados possa chegar a 2,5 milhões, já que muitos ign oram estar doentes. Transmitida através de sangue contaminado, a hepatite C ataca principalmente o fígado e é uma doença silenciosa e traiçoeira, que progride lentamente. Em 80% dos casos, a hepatite C torna-se crônica, estágio da doença que pode evoluir para cirrose (quando os danos no fígado já são permanentes) e até câncer, se não detectada precocemente e tratada corretamente.

 

Na maioria das vezes, o paciente descobre tardiamente que tem o vírus por serem os sintomas pouco comuns ou expressivos. O progresso do HCV (vírus da doença) dentro do organismo é, geralmente, lento e dá-se ao longo de vários anos – o tempo médio entre o contágio e a cirrose varia entre 20 e 30 anos.

 

Cerca de 50% a 70% dos pacientes permanecem com a inflamação no fígado por tempo prolongado. Desses, 20% evoluem para a cirrose e têm risco de 1% a 4% ao ano de desenvolver câncer. Atualmente, a doença é responsável por 50% dos transplantes hepáticos realizados no país. Alguns fatores são mais críticos para o desenvolvimento da cirrose, como idade superior a 40 anos no momento da infecção, ser do sexo masculino, fazer uso de álcool, ter coinfecção com o vírus da hepatite B ou com o HIV, entre outros.

 

Apesar disso, o fígado é um órgão com alguma capacidade de regenerar-se. Por isso, o tratamento precoce é essencial para prevenir as complicações e barrar a progressão da doença. Inicialmente feito com a terapia dupla (interferon e ribavirina), o tratamento da hepatite C avançada conta desde 2011 com uma nova classe de medicamentos, os inibidores de protease. Com a terapia tripla (inibidor de protease, pegintron e ribavirina), os pacientes com hepatite C do genótipo 1 têm até três vezes mais chances de cura, chegando a até 80%.

 

“O tratamento triplo pode reduzir consideravelmente o percentual de casos de cirrose e transplantes hepáticos. O tramento também impede que o vírus volte a acometer o fígado após ser transplantado”, afirma Edson Parise, chefe do setor de doenças hepáticas da disciplina de Gastroenterologia Clínica da Escola Paulista de Medicina – UNIFESP.

 

O médico salienta ainda a importância da adesão à terapia. “Quando o paciente participa ativamente do tratamento e identifica os efeitos indesejáveis antivirais empregados para combater a doença, existe a possibilidade de uma rápida intervenção do médico no manejo das reações adversas, favorecendo o alcance da resposta virológica sustentada (cura)”.

 

Diagnóstico

A detecção e o tratamento precoces da hepatite C são essenciais para o aumento da qualidade e expectativa de vida e para a cura da doença.

O anti-HCV (anticorpo produzido naturalmente pelo organismo) é o primeiro teste que deve ser feito nos pacientes para triagem de hepatite e marca o contato da pessoa com o vírus da hepatite C. Esse anticorpo demora de 4 a 6 semanas para se tornar detectável no sangue dos pacientes após o contato com o vírus, podendo persistir indefinidamente.

 

Outro exame que pode ser utilizado é o PCR, que mostra a presença do vírus no organismo do paciente. O PCR pode ser qualitativo (indica a presença ou não do vírus) ou quantitativo (avalia a quantidade de vírus presentes).

 

Desde 2011, o Ministério da Saúde ampliou a oferta de testes rápidos gratuitos para detecção da hepatite C, nos chamados CTAS (Centros de Testagem e Aconselhamento). O atendimento no CTA é inteiramente sigiloso e, se o resultado do teste for positivo, a pessoa é encaminhada para tratamento nos serviços de referência.

 

Para localizar o CTA mais próximo da sua residência basta acessar o link  http://www.aids.gov.br/tipo_endereco/centro-de-testagem-e-aconselhamento e clicar na caixa Localizar endereço na coluna à direita da página inicial.

 

Tratamento da hepatite C

Os medicamentos disponíveis hoje para o tratamento da doença são:

 

  • Interferon (IFN) – Foi o primeiro medicamento introduzido no tratamento da hepatite C, ainda na década de 90. O interferon é uma proteína imunorreguladora que aumenta a capacidade do organismo de destruir células tumorais, vírus e bactérias. Ele pode ser classificado em alfa, beta e gama (ou imuno-interferon). O interferon alfa, utilizado no tratamento de Hepatite C, apresenta 14 subtipos com especificidades ligeiramente diferentes.

 

  • Ribavirina (RBV) – Ainda na década de 90, estudos clínicos demonstraram que a administração do antiviral ribavirina, associado ao interferon, por 48 semanas, levava à cura da hepatite C (resposta virologia sustentada) em 40% a 50% dos casos, números duas a três vezes maiores do que os obtidos apenas com interferon. Nascia assim a Terapia Dupla.

 

  • Inteferon Peguilado (PEG INF) – Introduzido à terapia padrão nos anos 2000, este tipo de interferon apresenta melhor tolerabilidade e maior persistência de níveis séricos adequados, permitindo melhor condição de tratamento para os pacientes portadores do genótipo 1 da Hepatite C.

 

  • Inibidores de Protease (IPs) – Desde o final de 2011, está disponível no Brasil um novo modelo de tratamento que consiste na combinação do interferon peguilado e da ribavirina com os inibidores de protease, uma nova classe de medicamentos que aumenta as chances de cura dos pacientes, podendo chegar a 80%, até mesmo aqueles que não obtiveram sucesso com a Terapia Padrão. A chegada desses antivirais de ação direta (DAAs) é a primeira inovação no tratamento da hepatite C em mais de 10 anos.

Atualmente o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o injetável Inteferon Peguilado alfa-2b e alfa-2ª, as cápsulas de Ribavirina e os Inibidores de protease Boceprevir e Telaprevir para o tratamento da hepatite C.

 

Referências:

  • POYNARD, T.; BEDOSSA, P.; OPOLON, P. Natural history of liver fibrosis progression in patients with chronic hepatitis C. The OBSVIRC, METAVIR, CLINIVIR, and DOSVIRC groups. Lancet., [S.I.], v. 349, n. 9055, p. 825-32, 1997.
  • BIO-MANGUINHOS / FIOCRUZ (s.d.). INTERFERON – alfa 2b humano recombinante – Monografia do Produto. Rio de Janeiro,  Disponível em http://www.fiocruz.br/bio_eng/media/monografia_interferon.pdf; Ultimo acesso em Julho/2012.
  • MINISTÉRIO DA SAÚDE, (s.d.). Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite Viral C e Coinfecções. Brasília, 2012. disponível em http://www.aids.gov.br/publicacao/2011/protocolo_clinico_e_diretrizes_terapeuticas_para_hepatite_viral_c_e_coinfeccoes; Ultimo acesso em Julho/2012.
  • MINISTÉRIO DA SAÚDE, (s.d.). Suplemento 1 – Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite Viral C e Coinfecções – manejo do paciente infectado cronicamente pelo genótipo 1 do HCV e fibrose avançada. Brasília, 2013. Disponível em (http://www.aids.gov.br/sites/default/files/anexos/publicacao/2011/49960/suplemento_1_85095.pdf); Ultimo acesso em Junho/2013.
  • HEPATOLOGIA, S. B. (2012). Imprensa / Releases / SERVIÇO: grupos de risco. Fonte: www.sbhepatologia.org.br: http://www.sbhepatologia.org.br/pdf/release1.pdf.
  • MINISTÉRIO DA SAÚDE, (s.d.). Boletim Epidemiológico Hepatites Virais 2011. Acesso em julho de 2012. Disponível em www.aids.gov.br: http://www.aids.gov.br/publicacao/2011/boletim_epidemiologico_hepatites_virais_2011
  • MINISTÉRIO DA SAÚDE, (s.d.). Hepatites Virais: Desafios para o período de 2011 a 2012. Acesso em julho de 2012. Disponível em www.aids.gov.br: http://www.aids.gov.br/publicacao/hepatites-virais-desafios-para-o-periodo-de-2011-2012

 

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