Setor de fisioterapia municipal de Borda da Mata é equipado e torna-se referência na região

Donizete | sexta-feira - 28/junho/2013 | Pagina principal, Saúde | Nenhum comentário

Jânio Moraes, de 38 anos, faz fisioterapia por conta de um acidente em que levou um tiro na região da coluna cervical, após uma discussão no trânsito, há 15 anos, em São Paulo. Ele conta que no início ficou sem andar, entre a vida e a morte. O tratamento de reabilitação iniciou na capital paulista, cidade em que o paciente residia. Após sua vinda para Borda da Mata, reiniciou a fisioterapia no centro de saúde Municipal Benedito Cobra Neto, onde é atendido com freqüência cerca de duas vezes por semana há aproximadamente três meses, para ele a melhora é nítida “senti a diferença no tratamento com o equipamento novo que trabalha o corpo todo”.

O equipamento que Jânio se refere é a chair, um dos aparelhos que o setor de fisioterapia municipal recebeu recentemente. Os equipamentos recebidos são cadeira chair, cadilac, barril, escada de canto, mocho, oxímetro, TENS, ultrasson terapêutico e bandagem funcional. Além destes, a fisioterapia conta com bolas terapêuticas, rolos neurológicos, tábua para alongamento de MMII, faixas elásticas para alongamentos, halteres, caneleiras, bicicleta ergométrica, cama elástica, tablado, balance disc, tábua de equilíbrio, paralela. Poucas prefeituras têm um setor de fisioterapia equipado como o de Borda da Mata; isto torna o atendimento mais digno no município. Duas fisioterapeutas coordenam as atividades de reabilitação dos pacientes. De acordo com a fisioterapeuta Ariane Ester Silva Amaro, “nossa função é tornar o paciente independente, visando à qualidade de vida”, para isso os tratamentos são individualizados para que o resultado seja notado.

Segundo a fisioterapeuta Ana Paula de Oliveira Borges, para que todos os pacientes pudessem receber atendimentos sem gerar longo tempo em lista de espera, foi necessário a elaboração de um protocolo de atendimento, sendo este, embasado na legislação do CREFITO (conselho de classe da categoria) e nas leis/princípios do SUS. Após aprovação pelo Conselho Municipal de Saúde, o protocolo começou a ser aplicado. Anteriormente, pacientes neurológicos recebiam tratamentos contínuos, alguns ficando anos em atendimento, o que acarretava longas listas de espera, chegando alguns pacientes aguardar até um ano para ser atendido. O tratamento acabava sendo para um grupo seletivo. Hoje há uma rotatividade no atendimento, são feitas 10 sessões para pacientes ortopédicos e 20 sessões para pacientes com lesões neurológicas agudas. De acordo com a evolução no tratamento, o paciente pode retornar à fisioterapia após o atendimento de pessoas que já aguardavam na fila. Ressalta-se que são realizadas triagem dos pacientes com objetivo de averiguar o grau de necessidade para iniciar o tratamento, como por exemplo, o paciente com lombalgia poderá aguardar mais tempo em relação ao paciente com fratura.

Ralph Augusto de Jesus realizou 10 sessões por conta de uma hérnia de disco. Após realizar exercícios no cadilac e também receber orientações sobre boas maneiras posturais, o rapaz afirmou que foi possível notar a melhora nos movimentos e no desconforto em que sentia na coluna. “A disciplina adquirida nas sessões me levou a mudar os hábitos do dia a dia, aprendi a maneira correta de como me levantar, abaixar e amarrar o cadarço e isto mudou a minha vida”. A fisioterapeuta Ana Paula completa que preza pela qualidade no atendimento, para tal, realiza um atendimento individualizado, e passa orientações posturais e de exercícios para que o paciente possa mudar seus hábitos, diminuindo sobrecargas articulares, e assim ter uma melhor qualidade de vida, sem recidivas no quadro álgico.

Dona Maria Madalena vem do Cervo duas vezes por semana para tratar o punho fraturado em uma queda. “Na época do acidente, fiquei até sem andar, porque além de quebrar o punho, machuquei a perna, hoje já consigo fazer de tudo” afirma a senhora fazendo movimentos com o braço fraturado.

O paciente Cícero Francisco Batista, 63 anos, com quadro de DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), é um paciente que segundo Ana Paula precisa de acompanhamento constante, para manter uma melhor qualidade de vida, mas mesmo assim, obedece ao protocolo de atendimento, porém, retorna com freqüência aos atendimentos. Cícero afirma que não tinha condições de andar 10 metros antes do tratamento “faço uma comparação com o período em que fico sem acompanhamento fisioterapêutico e quando faço as sessões, a melhora é muito grande.”

Os pacientes entrevistados demonstraram grande satisfação com o atendimento prestado pelo setor de fisioterapia, principalmente, após a aquisição dos últimos equipamentos. O senhor Cícero é um dos pacientes que acompanhou a evolução no setor de fisioterapia. “Quando iniciei o tratamento tinha somente as mãos da doutora, faltavam recursos, por isso, tinha que realizar o tratamento em Pouso Alegre. Há um ano e meio retornei para cá. Percebo que está cada vez mais equipado. Também acho um diferencial porque a fisioterapeuta me acompanha o tempo todo”.

Segundo Ana Paula, que há 13 anos trabalha no setor, algumas mudanças ainda são necessárias, “como a setorização do serviço, para conseguirmos atender a todas as especialidades. Também um trabalho de prevenção nas escolas, empresas, o que é difícil de ser realizado devido à grande demanda de pacientes para ser atendidos a nível ambulatorial.”

As fisioterapeutas afirmam que ainda há necessidade de algumas mudanças, principalmente, com relação à lista de espera, porém, os atendimentos podem ser comparados a de serviços particulares de primeira qualidade. “Temos equipamentos e materiais que muitas clínicas não disponibilizam”. Buscamos sempre nos atualizar. Recentemente, realizamos um curso, em Pouso Alegre, para adaptarmos o uso dos equipamentos (cadilac, chair, barrel) para pacientes ortopédicos e neurológicos.

Paciente Cícero Batista