Falta de sono aumenta risco cardíaco
A privação de sono tem se tornado uma situação frequente na sociedade moderna.As excessivas exigências econômicas e sociais numa sociedade 24 horas tem feito os indivíduos reduzirem seu tempo de sono para suprir as exigências do mercado de trabalho.
A privação de sono pode ser tanto aguda (por exemplo, ficar uma noite sem dormir), seletiva (perda de uma fase específica do sono), como também parcial e crônica (dormir poucas horas por um período prolongado).
Atualmente, a privação de sono tem recebido particular atenção em virtude das consequências nocivas que exerce na saúde dos indivíduos, incluindo os distúrbios metabólicos, como a obesidade, e cardiovasculares, como a hipertensão arterial (pressão alta). Essas situações representam um estresse fisiológico ao organismo, uma vez que possuem grande impacto negativo aos vários sistemas de nosso corpo, incluindo o sistema cardiovascular.
O desenvolvimento das doenças cardiovasculares decorrentes da privação de sono tem sido amplamente discutido na literatura médica e depende intimamente da condição em que essa privação é imposta (total, parcial ou seletiva), visto que os mecanismos que mantêm o sistema cardiovascular estável respondem diferentemente a cada uma delas.
Estudos sugerem várias causas, incluindo alterações do sistema imunológico, inflamatórias, autonômicas e de regulação dos barorreflexos, responsáveis pelo controle do batimento cardíaco e da pressão arterial.
Existem evidências crescentes na população de que a privação crônica pode ser um fator causal para o desenvolvimento da hipertensão arterial, que, por sua vez, provoca lesões em órgãos-alvo, além de estar relacionada à ocorrência de demais eventos cardiovasculares futuros, como o acidente vascular cerebral (derrame cerebral) e o infarto do miocárdio (ataque cardíaco), as principais causas de morte em nossa população.
Assim, pode-se afirmar que a falta de sono pode interferir no sistema cardiovascular, predispondo o indivíduo a um maior risco cardíaco.
Autores: Dra. Flávia Baggio Nerbass, Dra. Monica Levy Andersen e Dr. Sérgio Tufik.
Fonte: Revista da SOCESP, Portal Uol