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“Tempos Modernos e Relacionamento Familiar”

A psicologia e a vida nos ensinam que o homem necessita mais de carinho do que pão. Principalmente nos seus primeiros anos, o aconchego aos filhos é condição indispensável à sua saudável evolução psíquica. A carência afetiva à criança traz-lhe traumas profundos, problemas sérios e complexos em sua vida íntima e a nível de relacionamento com os outros. Isto acontece simplesmente porque o amor é condição “sine qua non” da felicidade do ser humano, assim como as flores não podem se abrir sem a luz do sol. O homem é filho de Deus, que é Amor. Sua vocação é o querer bem aos outros, sentimento que lhe proporciona alegria e realização. O ódio é uma aberração, uma doença, que lhe causa tristeza e amargura.

 

A fonte natural do carinho necessário à segurança e harmonia do desenvolvimento humano é a FAMÍLIA. Instituição básica, que jamais deixará de representar o fundamento da sociedade e da Pátria. É ela como uma verdadeira forja de cidadãos autênticos, conscientes de seus direitos e deveres. Sem dúvida, é no colo materno, no aconchego dos pais e na convivência com seus irmãos, que a criança encontra as condições propícias a uma evolução normal e equilibrada. Daí a importância da família como fundamento essencial para a formação do ser humano, preparando-o para os relacionamentos na escola e, mais tarde, no trabalho e na vida comunitária.

 

Quando falta o amor na infância, o prejuízo afetivo se torna praticamente irrecuperável. Crianças sem carinho, abandonadas: jovens problemáticos, violentos, viciados, infratores; não raras vezes, futuros criminosos, explodindo nos outros e na sociedade a revolta e o ódio que lhes consome o coração. É um desabafo que pouco lhes importa venha atingir pessoas inocentes, como se estas fossem também co-responsáveis pelos problemas que aquelas enfrentam.

 

Nos dias de hoje, mais do que nunca, é necessária a conscientização da importância da vida familiar. A modernidade trouxe a revolução nos meios de comunicação e a babá eletrônica roubou o tempo necessário à troca de idéias, ao diálogo familiar entre pais, filhos, irmãos, parentes e amigos, cada vez mais escasso. Quem não tem saudades das descontraídas reuniões familiares de lazer, de bate-papo até altas horas da noite?

 

É preciso reconhecer o prejuízo que toda essa agitação da vida moderna nos trouxe. É a era da informática e da comunicação, do computador eletrônico, da TV digital, “facebook“, “ipad“, “orkut“, do relacionamento “on line“, via “internet“, encurtando fantasticamente as distâncias. Sem dúvida, era de grande conforto, mas, por outro lado, nos custou um preço muito alto.

 

É um corre-corre pra lá e pra cá. Um trabalho insano que nos consome os dias e as horas e que parece nunca ter fim. Ninguém tem mais tempo para nada. A alienação é total! Conversar como? O rádio e a TV estão ligados desde cedo, trazendo notícias e melodias preferidas das últimas paradas de sucesso; também não se pode perder o interessante capítulo da novela, os filmes ou o jornal nacional. Assim, paradoxalmente, vivemos também a era do egoísmo e do isolamento implantados pelo computador, rádio e TV.

 

Isso tudo nos questiona muito e nos obriga a buscarmos uma forma de repensar o que estamos fazendo no dia a dia. Enfim, é preciso encontrar uma solução, um meio termo capaz de conciliar o interesse de usufruir das vantagens da modernidade, sem esquecermos das riquezas do convívio familiar.

 

No terreno moral, vivemos a era do “tudo pode“, “nada é proibido” e alguns chegam ao cúmulo de pretender “liberação total“. Assistimos o afrouxamento dos costumes, a corrupção, o vício mortal das drogas, a banalização do sexo, a dissolução dos vínculos familiares e a falta de religiosidade.

 

Muitos se esquecem de que, na hierarquia de valores, Deus deve ocupar o primeiro lugar. Vivem desnorteados, sem direção, olvidando que a vida é uma simples passagem rumo à eternidade. Não se lembram das lições do Mestre, preferindo ser servidos, sem a alegria de “servir“. Apegam-se a valores passageiros e não trilham caminhos seguros, da verdadeira felicidade. Seduzidos pelo falso brilho das drogas, do apego aos bens materiais e das ilusões fugazes, buscam os atalhos da perdição e da ruína.

 

Para onde estamos caminhando? O que para nós é de fato importante?

 

Roguemos ao Senhor sabedoria para distinguirmos o que não deve ter muita importância e para cultivarmos os valores realmente essenciais da existência. Ainda é tempo de repensarmos a vida. Nunca é tarde para mudarmos o que precisa e deve ser urgentemente modificado.

 

 

 

Borda da Mata,

 

20 de novembro de 2.011

 

Gustavo Dantas de Melo

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