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Amparo Maternal traz estudo sobre perfil de gestante dependente química

Em linhas gerais, elas têm baixa escolaridade, estão desempregadas, são solteiras e têm filhos com mais de um parceiro.

Em agosto de 2012, o Amparo Maternal – maternidade filantrópica que atende ao Sistema Único de Saúde – deu início a um projeto piloto de ambulatório especializado em gestantes dependentes químicas. Em quase um ano de projeto, já foram atendidas 66 pacientes, que foram encaminhadas pelo Centro de Acolhida, gerido pela instituição, pelo CAPES do Jabaquara ou de forma espontânea.

Com este projeto, a entidade conseguiu mapear o perfil da gestante dependente química, além de oferecer um atendimento diferenciado, composto por auxiliar de enfermagem, enfermeira, médico obstetra e médico psiquiatra. Além da consulta, as gestantes contam com serviços de exames laboratoriais de sangue e ultrassonografia, para acompanhamento pré-natal.

Em relação ao perfil das gestantes dependentes químicas, a idade média é de 25 anos, ou seja, são jovens, 98% estão desempregadas, 100% pertencem a classe C,D ou E, possuem baixa escolaridade (60% estudaram até o primeiro grau, 37% até o segundo grau e apenas 2% possuem curso superior) e 80% são solteiras. Apenas 25% estão gestantes de um filho do mesmo parceiro e cerca de 13% dos filhos de gestações anteriores estão com as gestantes. “Todos os parceiros são dependentes químicos, o que dificulta a descontinuidade do vício, sobretudo pela possibilidade de violência doméstica associada ao uso da droga”, conta a médica responsável pelo projeto Dra. Rosa Avilla.

As dependentes químicas dificilmente consomem uma única droga. Os dados de pré-natal do ambulatório demonstram que 90% das atendidas usam várias drogas: tabaco, álcool, maconha, cocaína e crack. “Na realidade, crack e cocaína são a mesma droga. O crack é mais barato e 10 vezes mais potente. É usado por via inalada e provoca múltiplas complicações na mãe e no feto, variáveis com a quantidade e tempo de uso e também com a associação com o álcool, sempre muito tóxica”, diz a doutora.

Dados da Organização mundial de saúde estimam 230 milhões de usuários de drogas pelo mundo, dos quais 27 milhões apresentam-se doentes, isto é, em dependência química. O número de leitos para tratamento desta doença é pequeno: menos de 2 por cada 100 mil habitantes. “No Brasil, não existem dados recentes sobre o número de gestantes dependentes químicas, e a importância do nosso ambulatório reside nessa triste combinação de falta de leitos e atendimento adequado da rede pública e número crescente de gestantes com abuso de substâncias ilícitas”, pondera Avilla.

De acordo com Rosa, os efeitos da dependência química sobre o feto são prolongados porque a placenta não oferece proteção alguma ao bebê. Ao contrário, por características bioquímicas da droga, o feto fica embebido no líquido amniótico como se fosse uma “piscina de droga”, mesmo após cessado o uso. “Pode ocorrer abortamento e malformações fetais, quando o uso é na gestação precoce. Na gestação tardia, ocorre aumento em até 4 vezes na necessidade de cesárias, baixo peso ao nascer, além de todas as complicações cardiovasculares que ocorrem na mãe serem passíveis de ocorrência no bebê”, explica a profissional.

 Sobre o Amparo Maternal

Há 73 anos, o Amparo Maternal é uma maternidade filantrópica que atua com Saúde e Assistência Social, atendendo exclusivamente aos sistemas públicos na cidade de São Paulo. O complexo hospitalar disponibiliza atendimentos de urgência obstétrica, serviços ambulatoriais, internação e Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e o Centro de Acolhida assiste às gestantes, mães e bebês em situação de vulnerabilidade e risco social.

Considerado como uma das maiores maternidades da América Latina, o Amparo Maternal conta com mais de 400 colaboradores e 100 voluntários que contribuem para a realização de cerca de 7 (sete) mil partos anuais, dos quais 80% são normais.

Mais informações: Patricia Santana – (11) 5103-5665 – (11) 98130-0944 – patricia@lepera.com.br

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