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Celebrar o Corpo de Deus

Corpus cristi

A Festa do “Corpo de Deus” ou Corpus Christi, como é mais conhecidacomeçou no século XIII, época em que cresceu muito a adoração ao Santíssimo Sacramento e diminuiu a comunhão sacramental. Nesse tempo, os cristãos da Europa preferiam comungar com os olhos. Foi preciso que um Concílio  tornasse a comunhão sacramental obrigatória ao menos uma vez por ano.

Comungar com os olhos quer dizer contemplar a hóstia. Nessa época, se introduziu, na missa, a elevação da hóstia, logo após a sua consagração.  Cem anos mais tarde, o mesmo ocorreu com o cálice. É também nessa época que nascem as exposições simples e solenes da Eucaristia, os tronos para a exposição prolongada, a devoção à Hora Santa, as Quarentas Horas e a adoração perpétua. Os fiéis das cidades onde havia muitas igrejas corriam de uma para a outra para ver a hóstia, momento que os sinos de cada igreja assinalavam.

A Festa do “Corpo de Deus” se deu quando padre Pedro de Praga celebrou uma missa na Cripta de Santa Cristina, em Bolsena, Itália. Ocorreu um milagre eucarístico: após a consagração, das hóstias começaram a cair gotas de sangue sobre o corporal. Dizem que isto ocorreu porque o padre teria duvidado da presença real de Cristo na Eucaristia. O Papa Urbano IV, que residia em Orvieto, cidade próxima a Bolsena, ordenou ao Bispo Giacomo que levasse as relíquias de Bolsena a Orvieto. Isso foi feito em procissão. Quando o Papa encontrou a procissão, na entrada de Orvieto, pronunciou diante da relíquia eucarística as palavras “Corpus Christi”, daí nasceu a festa do Corpo de Deus.

Sigamos com algumas reflexões que nos ajudarão a viver e celebrar a Solenidade do Corpo de Deus.

Será que o povo cristão, crente que na hóstia e no vinho consagrados está a presença real de Jesus, teria se enganado por tanto tempo? Se enganam aqueles que acham que aquilo que se celebra em cada Missa seja um teatro, ou apenas uma recordação daquilo que Jesus celebrou na Santa Ceia. É o próprio Deus que se faz presença real num pedaço de pão e num pouco de vinho. Os séculos atestam isso.

Pensemos agora na suposição que o milagre eucarístico de Bolsena se deu para provar que, a falta de fé do padre Pedro serviria de testemunho para toda a história da Igreja. E podemos dizer, “bendita falta de fé”, pois por ela veio até nós a certeza de que o Corpo de Cristo no meio de nós deve ser reverenciado, adorado, comungado e aclamado: “Ele está no meio de nós!”. Mas também pensemos, quantos padres Pedros estão por ai, que não adoram Jesus na Eucaristia? O que seria de nós, se nos perdêssemos em teorias que são vencidas pela certeza: aquilo que é de Deus permanece; o que é dos homens passa.

Padre Anderson Marçal Moreira é membro da Comunidade Canção Nova e Doutor em Teologia Pastoral Bíblica e Litúrgica.

 

 

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