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Demanda por sustentabilidade ambiental e social aumenta a cobrança em relação aos fornecedores

Durante muito tempo, a ética, as preocupações ambientais e a responsabilidade social foram apresentadas como um diferencial de algumas empresas. Hoje, esses atributos se tornaram essenciais para a governança corporativa, tanto porque preservam a boa imagem das companhias quanto porque são boas práticas que ajudam a evitar riscos à continuidade do negócio. É neste panorama que a auditoria da cadeia de suprimentos das corporações sobe gradativamente na agenda de preocupações dos executivos. A palavra de ordem é evitar que a imagem e a credibilidade da marca sejam manchadas por denúncias envolvendo qualquer elo da rede de fornecedores.

“No contexto de um mundo empresarial e de uma sociedade civil com a atenção cada vez mais voltada para temas como sustentabilidade, ética e governança corporativa, torna-se primordial que as organizações passem a gerir os riscos de seus negócios de forma estruturada. É onde entra a auditoria da cadeia de fornecedores, um cuidado que ganha cada dia mais adeptos”, explica Idésio da Silva Coelho Júnior, diretor técnico do Ibracon – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil.

Os riscos de associação e de imagem com eventos negativos podem gerar impactos de diversas magnitudes. Casos amplamente divulgados pela mídia afetaram grandes corporações ao envolvê-las com denúncias de exploração de trabalho infantil ou condições inadequadas de trabalho em linhas produtivas. “Essas associações podem fazer com que a participação de mercado, a cotação das ações ou a rentabilidade sejam prejudicadas. E podem acarretar também danos eventualmente irreversíveis em um intangível vital para a sobrevivência de uma entidade: sua reputação”, adverte Idésio.

No final da década de 1980, a certificação de uma entidade com o selo da norma ISO 9000, de gestão da qualidade, era quase um pré-requisito para as grandes corporações contratarem seus fornecedores. Na década seguinte, cresceu a preocupação com o impacto sobre o meio ambiente, desencadeado pela Rio 92, e foi emitida a ISO 14001, de gestão ambiental, com diretrizes para o gerenciamento do risco ambiental.

Essa evolução histórica foi acelerada pela crise de crédito de 2008: em 2009, a International Standards Organization emitiu a norma ISO 31000. “Essa norma visa à gestão de riscos das companhias, uma vez que muitos advogam que a citada crise foi gerada por uma governança corporativa inadequada. Fortalece-se, assim, o conceito de auditoria de fornecedores, que objetiva auxiliar a entidade a definir seus parceiros de negócio, minimizando riscos de associação e de imagem”, complementa Idésio.

O especialista explica que, por meio dessa auditoria, uma entidade pode medir diversos parâmetros junto a seus parceiros, envolvendo não só indicadores de qualidade, mas também questões de segurança de produtos, confidencialidade de informações e temas voltados às questões socioambientais, como condições impostas de trabalho, segurança ocupacional ou impacto em áreas de preservação ambiental. A execução do trabalho pode ser conduzida pela auditoria interna da companhia, mas muitas optam por contratar firmas especializadas, visando trazer maior transparência ao processo.

Alguns exemplos desses benefícios são: melhor gestão da cadeia produtiva; identificação de deficiências e oportunidades de melhoria no fornecedor, alavancando os resultados financeiros do cliente contratante e do fornecedor; monitoramento da confidencialidade das informações trocadas entre contratante e contratado; maior confiança para transmissão de know-how e tecnologia entre as duas partes; e redução de custos de acompanhamento dos fornecedores.

“Igualmente importante quanto aos benefícios citados, o processo de auditoria de fornecedores auxilia a entidade na disseminação de seus valores junto aos seus parceiros. E isso contribui para a melhoria de seus indicadores de sustentabilidade decorrentes da potencial melhoria do meio ambiente em que a entidade está inserida”, conclui Idésio Coelho.
Sobre o Ibracon 

O Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (www.ibracon.com.br) é uma entidade que representa contadores que atuam em auditoria independente e firmas de auditoria independente associados. É porta-voz da categoria, buscando estimular a valorização da atividade perante a sociedade. O Ibracon tem como missão manter a confiança na atividade de auditoria independente e a relevância da atuação profissional, salvaguardando e promovendo os padrões de excelência em contabilidade e auditoria independente. O Instituto mantém ações nas áreas de comunicação, educação continuada, contribuição técnica para com o mercado e seus órgãos reguladores e representação institucional junto a entidades públicas e privadas.

 

 

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