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Gravidez pode aumentar ocorrência de distúrbios da visão

Durante a gravidez, a mulher passa por mudanças emocionais e físicas. Os olhos não costumam ser poupados, podendo sofrer distúrbios temporários e até mesmo permanentes. Sabe-se que a sensibilidade da córnea diminui em muitos casos, principalmente nos últimos três meses, voltando ao normal pouco tempo depois de o bebê nascer. Também pode ocorrer o espessamento da córnea, bem como um aumento de curvatura e inclinação – prejudicando a visão e podendo resultar na falta de acomodação das lentes de contato. Em algumas gestantes, o problema persiste inclusive durante o aleitamento materno.

De acordo com o doutor Renato Neves, oftalmologista e diretor-presidente do Hospital de Olhos Eye Care, em São Paulo, os principais problemas oculares que podem ocorrer durante a gravidez são quatro: 1) olho seco; 2) visão embaçada; 3) desdobramentos da pré-eclampsia; e 4) desdobramentos do diabetes gestacional.

“Durante a gravidez, a gestante pode perceber que os olhos estão mais secos que o normal. A síndrome do olho seco, neste caso, pode provocar muito desconforto durante o uso de lentes de contato e até irritações nos olhos”, diz o médico, indicando o uso de lágrimas artificiais para lubrificar os olhos durante o período. “Vale ressaltar que, dependendo do tipo de lente de contato que se usa, há uma marca de lágrima artificial apropriada e que não vai danificar o material. Também é importante que o médico oftalmologista indique uma substância segura para a gestante”.

O especialista também aponta a retenção de líquidos como um problema comum durante a gravidez e que pode alterar a espessura e o formato da córnea. “Mínimas mudanças desse tipo são suficientes para resultar em visão distorcida ou embaçada, sem foco. Apesar do desconforto, não é preciso se alarmar, já que o problema costuma ser transitório”. Caso a gestante sinta uma mudança relevante na visão, seu oftalmologista poderá prescrever lentes apropriadas para o período em questão. “Também as cirurgias corretivas de visão deverão ser adiadas para depois de o bebê nascer, já que haverá uma acomodação natural do grau no período pós-parto”, diz Neves.

Os desdobramentos da pré-eclâmpsia também merecem atenção especial e podem ser identificados através dos olhos em 5% a 8% das gestantes.  Na opinião do médico, dois fatores muito importantes da pré-eclâmpsia são o aumento da pressão sanguínea e a presença de proteína na urina. Diante desse quadro, é provável que a paciente grávida se queixe de perda temporária de visão, maior sensibilidade à luz, visão embaçada ou com formação de halos ou flashes. “Na presença desses sintomas, principalmente se a paciente tiver histórico de hipertensão, o médico responsável pelo pré-natal deverá ser imediatamente comunicado, já que essa condição progride rapidamente e pode resultar em sangramento ou outras complicações”.

Também o diabetes gestacional costuma apresentar desdobramentos que são considerados graves quando não controlados a tempo. “Altas taxas de açúcar no sangue, quando associadas ao diabetes, podem danificar pequenos vasos sanguíneos que alimentam a retina. O risco, inclusive, aumenta durante a gravidez. Por este motivo, quer a gestante seja diabética, quer tenha adquirido o que chamamos de diabetes gestacional, sua visão poderá apresentar problemas relacionados a nitidez e foco. Sendo assim, é importante contar com um acompanhamento médico especializado durante os nove meses de gravidez, principalmente mantendo os níveis de açúcar no sangue dentro de parâmetros aceitáveis”, diz Renato Neves.

 

Mais informações: Prof. Dr. Renato Neves, médico-oftalmologista e diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo – www.eyecare.com.br

 

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