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Jornalista é assassinado em Mato Grosso do Sul por fazer denúncias de autoridades políticas e policiais em seu site “UH News”

O jornalista Eduardo Carvalho, proprietário do site “Última Hora News” e que desde o ano passado recebia ameaças de morte pelas denúncias que publicava, foi morto na noite de 21 de novembro, a tiros na cidade de Campo Grande (MS), informou a Polícia Civil ao “G1”. Carvalho, um policial aposentado de 52 anos que também exercia o cargo de editor-chefe da publicação online, foi baleado a noite por dois homens armados com pistolas, que estavam em uma moto e o esperavam em frente a sua casa no bairro Giocondo Orsi em Campo Grande. O comunicador, que chegava em casa com sua mulher, manobrava sua moto enquanto a mulher guardava o carro na garagem e morreu em consequência de três tiros em diferentes partes do corpo. O empresário, que já havia sofrido um atentado, dirigia o jornal digital que se caracterizou por publicar fortes denúncias contra diversos políticos e policiais no Mato Grosso do Sul. As informações publicadas pelo portal “UH News” em geral eram baseadas em revelações de fontes de instituições que preferiam não se identificarem. Como o jornalista já havia denunciado várias vezes que sofria ameaças e temia por sua vida, tinha licença para portar uma pistola e para usar um colete a prova de balas de uso exclusivo das Forças Armadas, que não portava no momento do atentado. A polícia informou que, apesar das ameaças e de uma extensa lista de pessoas denunciadas pelo jornal eletrônico, ainda não tem pistas sobre suspeitos nem sobre os motivos do crime. Os responsáveis pela investigação, no entanto, admitem que o crime tem características de execução por encomenda. O jornalista assassinado havia publicado em sua página no Facebook 13 de novembro um comentário no qual se dizia “preparado para o que der e vier” por estar disposto a trazer à tona “muita coisa nesse final de ano”. Na mesma postagem, disse: “o baú tá cheio de ‘novidades’, cada uma mais escabrosa que a outra” (sic). O assassinato de Carvalho é o terceiro de um jornalista ocorrido neste ano no Mato Grosso do Sul. Em fevereiro, foi morto o jornalista Paulo Rocaro, do “Jornal da Praça” de Ponta Porã, que era famoso por suas denúncias contra traficantes, e em outubro a vítima foi o proprietário do mesmo periódico, Luis Henrique Georges. Segundo as estatísticas da ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), o novo homicídio eleva para nove o número de profissionais de veículos de comunicação assassinados no Brasil desde o início do ano. A organização civil “Campanha Emblema de Imprensa” (PEC, na sigla em inglês) considera o Brasil o quarto país mais perigoso no mundo para jornalistas, atrás apenas da Síria (33 comunicadores mortos este ano), Somália (16) e México (10). Em outubro, durante a Assembleia que realizou em São Paulo, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) manifestou sua preocupação pelo aumento do número de jornalistas assassinados no país.

Fonte:R7

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