Edição impressaConfira a última edição impressa

Luís Perequê, a voz da cultura caiçara, comemora 30 anos de carreira

pereque tamar ubatubaBorda da Mata recebe no dia 26 de julho, às 20h30 horas, na Casa do Compadre Demercindo Brandão, o show da turnê “Luís Perequê ao vivo”

 

 

Artista múltiplo e um dos maiores representantes da cultura caiçara, o compositor e músico Luís Perequê comemora 30 anos de carreira em 2013.

E como parte da celebração desta longa jornada, o artista vai para a estrada com a turnê “Luís Perequê ao vivo”, na qual interpreta os seus principais sucessos, como as canções Eu Brasileiro, Encanto Caiçara, Ave Maria do Mato, Cantilena e Manacá da Serra.

 

Na apresentação, Perequê subirá ao palco acompanhado pela sua banda formada por Rhandal (violão), Jerome Charlemagne (sopro), Jonathan Andreoli (percussão) e Enrique Armengol (baixo).

.

Poeta de versos doces e engajados, Perequê está sempre em busca da essência das coisas da vida, construindo seu trabalho de forma autêntica, verdadeira e independente. A inspiração vital de sua obra é o seu próprio cotidiano na cidade de Paraty, no Sul fluminense, onde até hoje vivem comunidades caiçaras tradicionais. A maior parte de suas canções ilustra com sensibilidade artística a vida, a cultura e a natureza na região.

 

Como nos versos da canção Encanto Caiçara: “Venho de campos e matas/Terra verde, fértil e farta. Nossa roça a beira-mar. Canto a pesca e canto a planta/E a vida santa do lugar”. E no canto de protesto em “Aves e Ervas”,

denunciando a crescente especulação imobiliária e destruição ambiental que assola a região: “Tramam tratores, novas estradas. É a mentira do progresso mudando o rumo dos versos/Casa de aves e ervas, virando areia e deserto. Matas mortas, morros calvos e os corvos cuidam do resto”.

 

Filho de mineiros que mudaram-se para Paraty em 1958, Luís Perequê é nascido e criado em Paraty. “Paraty é Minas no mar e nossa ligação vai além do Caminho do Ouro”, brinca Perequê, cuja obra sintetiza a afinidade histórica e cultural desta cidade fluminense com Minas Gerais. Essa mistura de sotaques mineiro e fluminense na voz de Luís Perequê originou música popular brasileira de primeira linha e que poderá ser apreciada pelo público nesta turnê

comemorativa dos 30 anos de carreira.

 

 

 

Serviço do show

 

Local: Casa do Compadre Demercindo Brandão / Borda Mata – MG

Hora: 20h30

Valor do ingresso:  R$10,00

 

(O recurso arrecadado será repassado para associação OLCIP)

 

 

Defeso Cultural e Caravana Paraty

 

Além de músico, compositor e poeta, Perequê é também um importante defensor da cultura paratiense e caiçara. E como uma de suas principais vozes, criou o movimento “Defeso Cultural”, que fará de 2013 o ano da cultura de Paraty nas duas maiores cidades do País, com a realização de espetáculos musicais, dança, artes plásticas, teatro, vídeos e debates.

 

Batizada como “Caravana Paraty”, a iniciativa engloba uma intensa

programação que ocorrerá entre os dias 2 e 11 de agosto no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro, e no SESC, em São Paulo(com datas a confirmar).

 

A Caravana Paraty é uma ação do movimento Defeso Cultural, que foi idealizado por Perequê em uma analogia ao Defeso marítimo, quando os pescadores devem respeitar o período de reprodução das espécies e paralisar temporariamente suas atividades. “Criamos o Defeso Cultural porque entendemos que as cidades turísticas precisam criar políticas públicas que protejam os períodos onde a comunidade local esteja vivenciando suas tradições culturais e religiosas. Acreditamos que somente com a convivência comunitária é possível produzir uma cultura autêntica. Se as pessoas não tiverem tempo para essa vivência local, acabam se voltando para o turismo em tempo integral e a cultura se perde”, enfatiza Perequê.

 

Esse movimento paratiense é apoiado por Gilberto Gil, que em conversa com Perequê apontou que o atual desenvolvimento turístico tem como consequência o aniquilamento da vida cultural dos lugares. “Precisamos

tomar atitudes para identificar o que é original em nossa cultura. É importante preservar, estimular e difundir o que brota espontaneamente da miscigenação e convivência comunitária”, ressalta Gil.

 

“Queremos mostrar a cultura de Paraty tradicional e contemporânea para o Brasil. A cultura caiçara e paratiense não pode desaparecer com o excesso de eventos turísticos e de entretenimento que vem sendo realizados na cidade nos últimos anos”, afirma o compositor paratiense, que é também fundador do Silo Cultural, importante centro cultural de Paraty e referência nacional de pesquisa e valorização da população tradicional caiçara.

 

Segundo Luís Perequê, muitas festas tradicionais de Paraty, sobretudo as religiosas, como a festa do Divino, sofreram com a exploração turística nos últimos anos e, com isso, foram sendo descaracterizadas. “A festa do Divino luta para acontecer em meio a uma programação barulhenta alheia às novenas e preceitos da festa. Nesse caminho estão todas as festas religiosas, que vem sendo massacradas pela programação de entretenimento”, critica Perequê, que é também um dos fundadores da Rede Caiçara de Cultura.

 

 

 

Valorização da cultura local

 

Para os artistas de Paraty, o Defeso Cultural reflete um anseio coletivo da comunidade pela preservação das tradições, do meio ambiente e da cultura da cidade, que é patrimônio histórico nacional e vem há alguns anos lutando para se tornar Patrimônio Mundial da Cultura e Natureza da Unesco. O movimento vem ao encontro de outras ações públicas de valorização e fortalecimento da diversidade cultural do estado do Rio, como o Mapa de Cultura do Estado, que realizou um mapeamento completo e inédito da cultura fluminense nos 92

municípios do Rio de Janeiro em 2012. “A nossa ciranda e o nosso fandango, por exemplo, só existem aqui. Assim como a farinha, a cachaça, o peixe com banana, o artesanato e tudo o mais que faz de Paraty um lugar tão especial. Aqui temos aldeia indígena, comunidade caiçara e quilombo, numa autêntica mistura que marca a criação e origem do povo brasileiro”, conclui Perequê.

 

Ao longo do ano o movimento Defeso Cultural realizará oficinas, debates e ações diversas voltadas para o fortalecimento da cultura paratiense no Silo Cultural. As atividades buscam a profissionalização dos artistas da cidade, como, por exemplo, promover o registro dos músicos na Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) e realizar aulas de aperfeiçoamento e reciclagem para a classe artística local.

 

Entre os participantes do movimento que integrarão à Caravana Paraty estão o Grupo Contadores de Estórias, reconhecido teatro de bonecos de Paraty, a Cia. DançanteATO, que trabalha com dança-teatro, trazendo reflexões sobre a

cultura de Paraty, o artista plástico Lúcio Cruz, além de grupos musicais jovens de destaque, como a Ciranda Elétrica e o Chama Maré, e tradicionais, como Os Coroas Cirandeiros, Ciranda de Tarituba, Os Caiçaras e os 7 Unidos.

 

Acompanhe e divulgue o Defeso Cultural e a Caravana Paraty:

 

www.facebook.com/defesocultural

 

 

*A programação completa no CCBB Rio e SESC SP será divulgada em datas próximas aos eventos.

 

 

Add a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado.