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Mercado de jogos eletrônicosatrai profissionais no mundo todo

Mercado de trabalho está crescendo também no Brasil e exige formação de alto nível

 

A indústria de desenvolvimento de jogos eletrônicos chegou para ficar. Nas últimas décadas, os jogos passaram de mera curiosidade a um mercado global que movimenta dezenas de bilhões de dólares por ano em mais de 30 países. Pessoas de todas as idades e classes sociais jogam em computadores, consoles, celulares e tablets.

Desenvolver jogos é uma atividade extremamente complexa e multidisciplinar. Mesmo as menores produções envolvem disciplinas como design, áudio, arte e programação, em problemas difíceis que combinam engenharia e expressão artística – às vezes simultaneamente.

Ao Brasil, um país com rica história em mercados de entretenimento e tecnologia, faltam a tradição e o conhecimento estabelecidos de países como os EUA e o Canadá sobre como produzir e comercializar jogos eletrônicos.

Apesar disso, as barreiras de entrada da indústria de jogos nunca foram tão baixas: com os avanços em distribuição digital de produtos e com ferramentas de desenvolvimento poderosas como a Unity ao alcance de todos, a oportunidade de tomar parte da vanguarda do mercado de jogos no país é agora.

O mercado brasileiro está melhor do que nunca, mas ainda tem um grande caminho pela frente. As empresas líderes hoje sofrem todas dos mesmos problemas: impostos altos, falta de mão de obra capacitada e de investimento público e privado. Mas este quadro está para mudar. O interesse público começa a se voltar seriamente para a área, com iniciativas como a Lei das Startups (Projeto de Lei 321/2012) e a articulação de organizações como a Ancine, a Abragames e a Brazilian Game Developers trazendo uma nova onda de facilidade e otimismo para o mercado. A geração atual de empreendedores que conseguiram superar os desafios e competir de igual para igual com os estrangeiros sem sair de solo brasileiro está interessada em ensinar, em compartilhar conhecimento e expertise em prol de uma indústria mais forte. A tendência é que fique cada vez mais fácil fazer jogos por aqui, e que os investimentos e os ganhos se multipliquem.

Alguns jogos 100% nacionais já começaram a chamar atenção lá fora. O carioca “Dungeonland”, criado na empresa Critical Studio, teve orçamento na casa de 1 milhão de reais e lançamento em mais de 30 países, com cobertura pelos principais veículos de mídia internacionais. O jogo “Knights of Pen and Paper”, dos brasilienses da Behold Studio, conquistou o cobiçadíssimo IGF (Independent Game Awards), além de vender centenas de milhares de cópias e figurar em várias listas de “melhores do ano” em grandes sites mundo afora. Já no mercado de publicidade, a empresa gaúcha Aquiris se firmou como parceira da Cartoon Network e lançou mundialmente jogos baseados em desenhos animados famosos da emissora como Ben 10 e The Regular Show.

Exemplos como esses tendem a aparecer cada vez mais nos próximos anos e os líderes e inovadores que estão hoje batalhando em um mercado novo e com muitos desafios são os que irão colher os maiores frutos no futuro.

Mas se as dificuldades com impostos e falta de investimentos estão dando sinais de melhora, o problema da capacitação da mão de obra brasileira ainda é preocupante. Infelizmente ainda são poucos os cursos no Brasil que visam formar profissionais para essa área, e muitos deles pecam por trazer conhecimentos defasados e fora da realidade do mercado brasileiro. Importa-se muito o modelo americano de grandes jogos, incompatível com nossas produções, e falta ao corpo docente das instituições uma vasta experiência no assunto. Assim, vários dos melhores profissionais encontrados hoje no país obtiveram suas formações no exterior ou são frutos da própria experiência adquirida na prática e as empresas relatam que, a menos que estejam dispostos a relocar profissionais experientes de outros Estados, precisarão capacitar sua própria mão de obra localmente.

A qualidade da capacitação disponível para os jovens brasileiros interessados em desenvolvimento de jogos irá crescer à medida que a comunidade local de desenvolvedores se fortaleça e a geração atual de empreendedores bem sucedidos dedique parte de seu tempo a ensinar e a compartilhar suas experiências.

O jovem que estiver buscando ingressar na área e quiser evitar o caminho do autodidatismo deve escolher o curso com cuidado, verificando a qualidade e a relação com o mercado. Importante também é a oportunidade oferecida por esses cursos de se relacionar com profissionais da área e poder buscar oportunidades de colocar em prática o conhecimento adquirido em sala de aula.

Marcos Venturelli – Game Designer

FAI – Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação

 

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