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Oportunidades para os novos prefeitos

             Os novos prefeitos e os que retornam a seu posto em 2013 têm pela frente grandes desafios: saúde, mobilidade urbana, segurança, educação. Mas, independentemente do porte da cidade ou de suas características, a redução das diferenças sociais permeia todas essas questões e é uma realidade que deve ser encarada.

             De modo geral, nossa economia se aqueceu, o brasileiro passou a ganhar mais, tivemos um aumento real no salário mínimo em 2012, o que acarretou reajustes em todas as faixas de remuneração. Mas as condições de vida das diversas classes sociais continuam discrepantes, especialmente nas periferias. É preciso encontrar alternativas para mudar essa situação.

             Incentivar o cooperativismo é um bom caminho. Mais que um sistema econômico, o cooperativismo é um modelo de desenvolvimento social. As cooperativas são formadas por pessoas cujo interesse comum é melhorar a qualidade de suas vidas.

            A administração pública e o cooperativismo podem e devem andar lado a lado, como grandes parceiros. Pois ambos têm o mesmo objetivo: melhorar a vida das pessoas. O cooperativismo é um instrumento relevante para que os prefeitos possam implementar seus projetos de progresso social. Alguns ramos de cooperativas, por exemplo, acabam desonerando as prefeituras. É o caso da saúde, onde as cooperativas têm atuado como importantes players de assistência suplementar, contribuindo para desocupar leitos de hospitais públicos e para diminuir as filas de consultas médicas.

            Da mesma forma na educação, onde muitos pais encontraram no cooperativismo uma maneira mais barata de conseguir uma boa escola para seus filhos. A iniciativa dos pais cooperados também desonera as prefeituras, uma vez que seus filhos deixam de ocupar vagas em escolas públicas.

            Na construção de casas, o cooperativismo tem se mostrado uma via das mais vantajosas. Por meio do sistema de cooperativa, as pessoas chegam a economizar 40% no custo da obra. Na área rural, as cooperativas agrícolas difundem tecnologia aos pequenos e médios produtores, contribuindo para melhorar seus rendimentos. A cooperativa é o único instrumento para manter com dignidade o homem na atividade agrícola, evitando que seu êxodo engrosse as periferias das grandes cidades e aumente os problemas sociais urbanos.

            A destinação de resíduos sólidos é outro exemplo. Em 2014, todos os municípios brasileiros deverão ter eliminado seus lixões. Para isso, um processo de coleta, separação, reciclagem e destinação precisa ser definido. Algumas cidades já se adiantaram, como Palmital (SP), que há seis anos conta com uma cooperativa de catadores formada por pessoas que viviam nos lixões e hoje têm um negócio estruturado e uma remuneração mensal digna. No Vale do Paraíba, algumas cooperativas de catadores chegaram a formar uma rede para atender 19 municípios.

            As grandes questões da inclusão social e do trabalho formal encontram boas respostas no cooperativismo. As cooperativas organizam e potencializam os trabalhadores. Nas cooperativas, não há discriminação de raça, cor, idade ou religião. Os trabalhadores cooperados são donos e, como empreendedores unidos, encontram o melhor caminho para colocar seus produtos ou serviços no mercado. O ramo transporte, tão repudiado num passado próximo, hoje é um grande exemplo de organização e formalização por intermédio de cooperativas nos centros urbanos.

              Cooperativas também podem transformar a vida de funcionários de empresas em dificuldades financeiras. Unidos em cooperativas assumem a massa falida e, de empregados, passam a empreendedores. Como o caso da Cotravic na cidade de São Paulo, uma cooperativa formada por 200 profissionais do vidro que recuperaram a conhecida Cristais Cambé.

              Promover o cooperativismo significa promover o empreendedorismo, o crescimento pessoal. Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) apurou que o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é maior em municípios que contam com a atuação de cooperativas. As prefeituras têm mecanismos que podem estabelecer um ambiente propício para o desenvolvimento do cooperativismo. A criação de uma incubadora de cooperativas é uma boa ideia. Com isso, o gestor público estará equacionando os problemas sociais do município.

             Os exemplos de sucesso de cooperativas são muitos e os futuros prefeitos podem contar com a Ocesp e o Sescoop para, por meio do cooperativismo, distribuir melhor a renda, diminuir a pobreza e proporcionar uma sociedade mais justa e igualitária.

 * Presidente do Serviço Nacional de Aprendizagem no Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop/SP) e da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp)

 

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