Seria a loucura uma faceta da coragem?

Dizem que a loucura é o princípio da coragem.

Talvez, seja mesmo.

Talvez, antes de se ter coragem, é preciso ficar em companhia da loucura. Olhar em seus olhos, conversar com ela.

Passar tempo com aquela que é responsabilizada por todas as transgressões.

Que é culpada, acusada pelo que não se encaixa nos padrões tão rigidamente impostos por aqueles que ditam, por se acreditar em empoderados para tanto, os moldes em que todos deveriam se encaixar.

Faz-se necessário empregar tempo apreciando as possiblidades por ela oferecidas e, depois de passar tempo olhando em seus olhos, conversando, trocando ideias, analisando os prós e os contras dos caminhos apresentados, alguns começam a trilhar o que foi meticulosamente sugerido.

Deixar-se guiar, seguir o caminho que ela impulsionou a tomar.

Decidir e ir em frente.

Depois disso, aí sim.

Depois de apreciar as possibilidades, ver que, na realidade, o que parecia loucura é um mundo inteiro de grandes e incríveis possibilidades!

A loucura que um dia fez parar e refletir, agora, é combustível.

Combustível para ter coragem.

Coragem para ter atitude e mudar.

Sonhar, planejar.

Juntar as coisas e partir rumo ao desconhecido.

Quando essa metamorfose acontece e o que parecia loucura transforma-se em coragem, não há limites, não há volta. O único jeito é seguir em frente e, inevitavelmente, ser feliz!

Alguns dizem que a loucura é o princípio da coragem.

Talvez não, talvez a coragem seja apenas uma de suas facetas.

Ao meu amigo corajosamente louco, que ajuntou tudo em uma mala só e foi morar do outro lado da Terra.   Vivi Antunes