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Sobre a polêmica do fim das sacolas plásticas

Usadas no Brasil desde meados da década de 70, as sacolinhas plásticas são sinônimo de conforto e praticidade. Praticamente tudo que se passa no caixa dos supermercados, não importando o tamanho e nem o peso, é embalado nas “famosas” sacolinhas plásticas, desde um saco de arroz até um mísero sabonete.

 

As sacolas plásticas também são muito usadas em casa para o armazenamento do lixo doméstico, respeitando um ritual que é praticado por mais de 90% da população brasileira, em que você adquire as sacolinhas no supermercado, leva para sua casa e guarda até ela ser usada para armazenar o seu lixo.

 

Mas com toda essa praticidade, qual o problema das sacolas plásticas?

 

O problema está no material com que elas são produzidas e no descarte inadequado no ambiente. Qualquer tipo de plástico é obtido a partir do petróleo; no caso específico das sacolas de supermercado, a matéria-prima é o plástico filme, produzido a partir de uma resina chamada polietileno de baixa densidade (PEBD).

 

Sendo o PEBD um material produzido há apenas um século, não se sabe ao certo quanto tempo demora a sua decomposição no ambiente, mas sabe-se que é superior a cem anos. Portanto, abandonar as sacolas plásticas em qualquer lugar traz prejuízos enormes ao meio ambiente e, segundo órgãos ambientais, a maior parte dessas acaba indo parar em mananciais, rios e outras áreas de preservação ambiental.

 

Com essas e muitas outras prerrogativas, as prefeituras de grandes capitais brasileiras como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte estão criando leis que proíbem o uso de sacolas plásticas e outras embalagens que não sejam produzidas a partir de material reciclável ou biodegradável, obrigando os estabelecimentos comerciais a oferecer alternativas “ecologicamente corretas” como sacolas retornáveis ou biodegradáveis e caixas de papelão.

 

Mas será que realmente uma sacola de plástico pode ser tão ruim para o meio ambiente?

 

A resposta é sim, mas tudo depende de seu uso. Quando você vai ao supermercado e volta com várias sacolas, muitas das vezes desnecessárias (algumas até pra carregar apenas um produto), e as joga em qualquer lugar ou no lixo comum e elas vão parar em um lixão, aí sim as sacolas estão prejudicando o meio ambiente. Mas se você as usa corretamente, aproveitando ao máximo a sua capacidade e depois destinando-as ao local correto, as sacolas são muitos úteis.

 

Apesar de bem intencionada, essa lei está longe de resolver os nossos problemas ambientais, pois a produção de sacolas biodegradáveis também gasta energia e polui o meio ambiente, assim como o transporte e o processo de reciclagem. É preciso aprofundar a discussão: o governo deve investir na educação da população, na conscientização e na mudança dos hábitos; cobrar das empresas a fabricação de embalagens mais resistentes, duráveis e biodegradáveis; cobrar dos supermercados a distribuição gratuita de sacolas retornáveis e, principalmente, prover os meios de destinação final adequada do lixo. A nós fica o desafio: parar de consumir embalagens que não são biodegradáveis, produtos de empresas que não respeitam o meio ambiente e, principalmente, reduzir e consumir apenas o necessário.

 

Jeremias Campos Daniel

Técnico ambiental da Amesp

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