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Volta à atividade física após o transplante renal

Comprometimento e disciplina são atitudes de atletas que devem ser seguidas pelos pacientes que passaram por um transplante renal

 

No começo, o ato de acordar cedo e fazer uma simples caminhada costuma ter uma certa resistência por quem não está acostumado. Mas, com o tempo, os benefícios trazidos pela prática regular de exercícios físicos são imensuráveis para saúde das pessoas. Até mesmo para aquelas que se encontram em uma condição especial de saúde, como os transplantados renais. Neste Dia Mundial do Rim (08 de março), a prática de esportes para o restabelecimento do novo órgão é uma das recomendações médicas que deve ser incorporada pelos pacientes no pós-transplante.

 

Segundo o nefrologista Leon Gilson Alvim Soares Jr., do Hospital Santa Marcelina, de São Paulo, buscar a qualidade de vida no pós-transplante é fundamental, ainda que o paciente tenha que conviver com algumas restrições. “É claro que, nos primeiros meses após o transplante, a pessoa precisa seguir uma série de orientações médicas que envolvem o tratamento com medicamento imunossupressor, consultas e exames periódicos, dieta, atenção aos sinais vitais e ao peso, e evitar aglomerações para não correr o risco de contrair uma infecção”, explica. Neste período, além da adaptação do novo rim no organismo, ocorre a cicatrização da ferida cirúrgica, e o paciente deve evitar realizar atividades que produzam ou aumentem a dor no local da cirurgia e levantar, empurrar ou puxar objetos grandes ou pesados. “Após essa fase, com base na avaliação médica, o transplantado pode sim iniciar uma atividade física sem exageros”, recomenda o médico.

 

Segundo o especialista, além de promover a manutenção da saúde do corpo e da mente, a prática de atividades físicas regulares recupera a força física e pode ajudar o organismo do transplantado a aceitar melhor o novo rim. “Entretanto, é recomendável segurar um pouco a empolgação esportiva”, alerta. “Caminhadas, corridas leves, andar de bicicleta, natação são algumas atividades que os transplantados podem realizar. Porém, durante os episódios de rejeição, esportes mais traumáticos que provoquem choque na região abdominal, como futebol, jiu-jitsu, karatê, handebol; devem ser evitados, assim como relações sexuais em posições ou situações que gerem dor. Também é preciso diminuir as atividades se o paciente estiver tratando alguma infecção”, explica Soares.

 

É importante ressaltar que o principal cuidado que o transplantado precisa ter é com relação ao risco de rejeição do novo rim. “Comprometimento e disciplina são atitudes de atletas que passarão a fazer parte da vida do paciente, uma vez que a adesão ao tratamento imunossupressor é essencial para que o sistema imunológico não reaja contra o novo órgão”, esclarece o nefrologista. A não aderência é o maior fator de risco à perda do órgão, e isso acontece principalmente com os pacientes mais jovens. Para os transplantados renais, entre as opções de tratamento disponíveis atualmente, destaca-se o Rapamune (sirolimo), que inibe a proliferação celular e a produção de anticorpos. Este medicamento se liga a uma proteína intracelular formando um complexo que inibe a ação da mTOR (Mammalian Target of Rapamycin), resultando na supressão do sistema imunológico e impedindo assim a rejeição. O médico ainda reforça o principal conselho a pacientes e atletas: “Beber muita água é importante. Faz bem para o organismo, hidrata, melhora o funcionamento do intestino e é saudável à pele”.

 

Saiba mais sobre o transplante renal

 

O transplante renal é um método efetivo de tratamento da insuficiência renal crônica (IRC), um mal que compromete a função dos rins de filtração de sangue e controle dos fluidos existentes no organismo. A enfermidade pode ser provocada por doenças como diabetes, hipertensão arterial, infecções urinárias recorrentes, cálculo renal, glomerulonefrites e malformações. Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), a estimativa é que existam mais de 10 milhões de brasileiros tenham algum grau de disfunção renal.

 

A IRC pode reduzir em menos de 10% a capacidade funcional dos rins, sendo necessária uma terapia substitutiva renal. A princípio, o paciente passa a ter sessões de diálise (peritoneal ou hemodiálise), mas a única forma de cura é o transplante renal.

 

             
       
                   
                   

 

 

 

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